terça-feira, 18 de outubro de 2011

Capítulo 3 “Religião Silvícola” e “Politeísmo”

Conteúdo
1- Noção de Religiões Silvícolas
2- Politeísmo
2.1- Noção
2.2- Politeísmo na Antiguidade
2.3- Politeísmo na Actualidade
3- Opiniões sobre a origem do Politeísmo
3.1- Corrente evolucionista
3.2- Teorias contrárias às evolucionistas
3.2.1- Monoteísmo foi a forma original
3.2.2- Politeísmo foi a forma original
4- Variantes do Politeísmo
4.1- Politeísmo Puro
4.2- Monolatria
4.3- Henoteísmo
5- Bibliografia

1- Noção de "Religiões Silvícolas"
As Religiões silvícolas entram na categoria das Religiões Panteísticas, a primeira classe das Religiões (a par do Politeísmo, Monoteísmo e Ateísmo).
Sob certos aspectos contam-se no grupo das Religiões Panteístas as religiões da civilização mesopotâmica, europeia e asiática, e as religiões das culturas das Américas, África e Oceânia, fazendo parte delas o xamanismo, as religiões célticas, o druidismo, as religiões amazónicas, as religiões dos indígenas norte-americanos, as religiões africanas e muitas outras de tempos imemoriais.
Sob o ponto de vista cronológico as Religiões Panteístas são as mais antigas, dominando em sociedades menores e mais “primitivas”, também conhecidas por “povos selvagens”.
O termo “selvagem”, porém, neste trabalho é utilizado impropriamente, uma vez que não tem, na sua origem, o mesmo significado que hoje apresenta, ou seja, algo bruto, sem cultura e sem educação. Na realidade, cada geração, no rodar dos séculos e milénios, possuía uma determinada cultura e uma educação própria ao seu tempo e ao seu grupo ou tribo. Por isso, vários e diferentes têm sido os significados dados à palavra “selvagem”.
Se para nós, modernos, e segundo os nossos dicionários mais actualizados, esse vocábulo se identifica com um aborígene[1] ou uma pessoa que vive nas selvas[2], donde, também, o nome de “silvícola”, para os gregos, por exemplo, esse mesmo termo significava todo aquele que não falava grego e, praticamente, todo aquele que “não possuía linguagem e se caracterizava pela crueldade ou todo aquele que desconhecia a agricultura, relacionando-se, neste sentido, com o oikos (οἶκος, plural: οἶκοι)[3] que, originariamente englobava todos os membros de uma família (homem, mulher, crianças e escravos), formando, por assim dizer, a unidade básica da sociedade, à frente da qual estava o homem, embora coubesse à Mulher o seu cuidado doméstico O oikos diferenciava-se da polis (πολισ), porquanto a polis era o agregado de todos os Cidadãos ao qual também pertencia o senhor do oikos (kyrios - κύριος "mestre") que, sendo simultaneamente a cabeça do oikos (ou família”), lhe conferia a protecção legal.
Assim, entre os gregos, estas noções serviam mais para denotar e construir a sua própria identidade do que para os distinguir da noção de civilização, uma vez que para denotar esta última expressão eles usavam as palavras/conceitos polis (cidade) e hermeros ηρμερος (domesticado), sendo a partir da combinação destes dois conceitos que forjaram as ideias de ordem e de cidade governada por leis justas. Tal distinção foi assumida tão fortemente que, para um grego instruído, fora da cidade (polis) não poderia existir senão desordem, tirania, brutalidade e selvajaria.
Foi na base destas noções que os gregos chegaram a opor “civilizado” a “selvagem” e a servir-se desta antinomia para, posteriormente, a projectarem sobre povos específicos, como nos povos inimigos e nos povos primitivos[4].
Na antropologia moderna encontra-se uma outra divisão dos povos ou tribos. Normalmente as diversas tribos existentes no globo subdividem-se em duas grandes classes, a saber: “as tribos silvícolas e as campineiras” vivendo as primeiras nas áreas florestais, alimentando-se da caça, pesca e agricultura, como os “índios silvícolas” e as segundas (as campineiras) nos “cerrados e nas savanas, executando uma agricultura menos complexa”, mas caracterizando-se preferencialmente pelo artesanato, sobretudo “a cerâmica, trançado e tecelagem”[5].
Sob o ponto de vista religioso, estes povos silvícolas eram panteístas, uma vez que prestavam culto tanto a animais e vegetais, como aos antepassados e às forças divinizadas da Natureza. Assim, os próprios elementos da natureza tais como o sol, a lua, o trovão, o raio e outros entravam na categoria de seres animados, ou seres dotados de uma “anima” inteligente e divina, vivificadora dos humanos.
Cada um desses seres animados e inteligentes era escolhido para Protector de um determinado grupo ou tribo, tornando-se o seu Totem, passando este a cimentar a união grupal e a tornar-se, por isso, o intermediário e símbolo unitário da Tribo, constituindo o seu Antepassado heróico. Um Totem pode ser um corvo, um lobo, uma águia, uma árvore, um animal, uma serpente, um astro, etc. O totem não pode ser morto, destruído, comido, tocado. Ele torna-se um tabu, porque é uma coisa inviolável e sagrada; tem de ser venerado e a ele se devem fazer oferendas e prestar culto, normalmente pelo intermédio de feiticeiros e feiticeiras que se tornam em médiuns e intermediários dos homens perante a sua divindade. Na hierarquia desses seres animados entram deuses, génios, semideuses, etc.
Entre alguns povos, por exemplo, no Peru, os indígenas crêem-se descendentes de águias, de condores; na África, julgam-se descenderem de rinocerontes, elefantes, hipopótamos, enquanto noutros existe a crença totémica de que muitos, ou pelo menos alguns, descendem de mulheres que se uniram aos totens animais, protectores do clã ou da tribo. E outros se dizem descendentes de aves, de peixes, ou ainda de pinheiros, de carvalhos e de palmeiras. O totem é sempre um tabu, salvo no caso de fome quando, então, preenchidas certas regras, pode ser tocado e comido[6].
Entre as suas crenças gerais, existem também outras referentes à infracção das leis totémicas que, neste caso concreto, o infractor pode adoecer ou mesmo morrer, mesmo se o fez involuntariamente.
No que respeita à sacralidade do Totem, alguns Chefes tribais podem declarar sagrada a totalidade do Totem ou apenas uma das suas partes, como por exemplo, a cabeça. Desta forma, os homens do grupo ou tribo podiam comer as outras partes do Totem sem serem atingidos pelo castigo de participarem na sua destruição.
Relativamente à imutabilidade do Totem, alguns povos acreditavam que certos homens se podiam transformar em Totens dum Clã ou duma Tribo, ou seja, num animal, num vegetal ou no objecto que era o Totem venerado, acreditando numa certa reencarnação.
2- Politeísmo
2.1- Noção
Politeísmo (do grego πολυ-, muito, e θεός, deuses) é um termo que caracteriza as religiões, preferencialmente as da antiguidade, nas quais os crentes acreditavam na existência de vários deuses que, normalmente, eram organizados numa determinada hierarquia: pai, mãe, filhos, etc.; superior médio, inferior. Nesta nomenclatura não se fala de uma diferença de nomes de uma única divindade, mas sim da multiplicidade de deuses, cada um com as suas própria características, perfeitamente individualizadas.
Exemplos do politeísmo podem ser encontrados nos povos civilizados da antiguidade, tais como: Egipto, Mesopotâmia, Assíria, Fenícia, Grécia, Roma, China, Japão (com os seus Kamis), etc.
Nuns e noutros povos, os deuses das suas religiões respectivas assumiam diversas funções, relacionando-se, muitos deles, com as forças da Natureza e era-lhes atribuído o funcionamento do universo.
Era comum atribuir-se a esses deuses, não apenas as virtudes, mas também os defeitos que se encontravam nos homens. Entre eles existiam o amor, o ódio, os ciúmes, as guerras, as traições, a misericórdia e o desprezo.
“A escola etnográfica de Viena, e em primeiro lugar o Padre W. Schmidt, autor da mais volumosa monografia dedicada à origem da ideia de divindade], procura até demonstrar a existência de um monoteísmo primordial, fundamentando-se essencialmente na presença dos deuses celestes entre as sociedades humanas mais primitivas” (Mircea Eliade, Tratado de História das Religiões 2004, p. 69).
A obra de W. Schmidt intitula-se Handbuch der vergleichenden Religionswissenschaft . Münster i.W., 1930.
2.2- Politeísmo na Antiguidade
Na antiguidade o politeísmo tomava formas e possuía características, tanto de objectos existentes na Natureza (árvores, ervas sagradas), como de animais e híbridos de animais e de humanos. Também eram, frequentemente, apresentados com características e formas humanas.
A crença na multiplicidade de divindades possivelmente teve a sua origem na existência de espíritos vagamente identificados e definidos como espíritos maus (demónios) e forças sobrenaturais, tais como génios, anjos bons, etc. Tais sistemas de crenças assemelham-se ao animismo, à adoração dos antepassados e ao totemismo.
Todas essas forças sobrenaturais foram sendo personificadas e organizadas numa grande família cósmica, advindo daí a multiplicidade de genealogias de cada um desses seres divinizados.
Tanto a multiplicidade de deuses, como as suas genealogias, surgiram distintamente em cada grupo humano, país ou região ou foram sendo assimilados e/ou impostos a outros grupos, países ou regiões, fenómeno que poderia ter sido originado por meio das migrações voluntárias ou impostas por diferentes razões (fome, guerras, alianças, etc.). Aliás, bem conhecidas são as várias e frequentes trocas de território, nas antigas civilizações mesopotâmicas, assírias, egípcias, fenícias, semitas, greco-romanas, indo-europeias, africanas e americanas.
2.3- Politeísmo na Actualidade
No mundo actual, à excepção de três grandes religiões (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) todas as outras são politeístas, na minha opinião. Com efeito, as crenças em muitos deuses são próprias, não apenas ao Hinduísmo, Budismo Mahayana, Confucionismo, Taoísmo, e Xintoísmo, do Ocidente, mas também às religiões tribais contemporâneas da África e das Américas.
3- Opiniões sobre a origem do Politeísmo
Tem-se discutido sobre a questão crucial em saber que forma de religião teria sido a primeira a existir: se o monoteísmo ou, o politeísmo. Nesta questão distinguem-se duas correntes: aquelas que são de cariz evolucionista e a sua contrária.
3.1- Corrente evolucionista
A esta corrente pertence, em primeiro lugar, E. Garrie[7], segundo o qual, o politeísmo situar-se-ia entre duas fases: a fase do polidemonismo (que se caracterizava pela natureza da adoração prestada) e a fase do monoteísmo (caracterizado pelo número singular do objecto ao qual se prestava a adoração)[8].
Outros, como Kurt Goldammer (1980, p. 632) e ainda outros mais, querendo ser mais precisos dirão que, até chegar ao monoteísmo, se passou por várias fases, tais como o polidemonismo, o politeísmo, o henoteísmo/monolatría[9].
3.2- Teorias contrárias às evolucionistas


3.2.1- Monoteísmo foi a forma original
Contrariamente às teorias evolucionistas temos as teorias que defendem ter sido a forma monoteísta a forma original da religião, degenerando para o politeísmo por uma autêntica degradação. Assim, por exemplo, Wilhelm Schmidt[10] no seu livro 'The Origin and Growth of Religion', publicado, primeiro, em 1937 e reimpresso dois anos depois (1939).
Com esta teoria concorda o ensaísta, escritor e filósofo teísta francês François Marie Arouet, conhecido por Voltaire[11] (1694 -1778) como parece manifestá-lo na sua obra famosa, Dictionnaire philosophique, que foi publicado em 1764 e no qual tem esta frase contra David Hume, dizendo que primeiro se “começou a adorar apenas um Deus e que só depois é que a fraqueza humana adoptou vários outros (deuses)”[12].
3.2.2- Politeísmo foi a forma original
Contra estas duas teorias outros defendem que o primeiro estádio da religião foi o politeísmo, destacando-se:
. David Hume que viveu entre 1717-1776, foi um filósofo, historiador e ensaísta escocês, da Igreja Calvinista que publicou a obra Treatise of Human Nature, primeiramente sob o anonimato antes de ele atingir os trinta anos (1739, 1740) e depois, com o seu próprio nome, em 1757, mas com o título The Natural History of religion;
· Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778), também ele filósofo e escritor, mas teórico político e compositor, que, embora nascido em Genebra, era de origem francesa e que manifestou essa sua posição na sua obra Émile (ou “de l’ Éducation »)[13], editada em 4 volumes, no mesmo ano de 1762, por duas editoras: uma francesa e outra alemã.
Dificilmente poderemos defender uma ou outra teoria. O que parece mais consentâneo é admitir que, tanto o Politeísmo, como o Monoteísmo são formas religiosas, manifestações do religioso ou estruturas religiosas que devem ser estudadas como tal, diacronicamente[14].
4- Variantes do Politeísmo
A partir das características fundamentais de cada politeísmo[15], em particular, podemos distinguir, entre outras, três variantes do Politeísmo, ou seja: Politeísmo puro, Monolatria e Henoteísmo.
4.1- Politeísmo Puro
Cada manifestação religiosa politeísta é independente de outras que existam. Cada um tem a sua própria teologia e coexiste com a teologia de outro politeísmo que exista num mesmo povo, povoado ou continente. O sistema filosófico ou ético de um politeísmo coexiste independentemente de outros, seus vizinhos. O culto das divindades de um politeísmo não interfere no culto dos outros sistemas politeístas.
4.2- Monolatria
A palavra “Monolatria” tem a sua origem no grego: μόνος, transl. mónos, "único", e λατρεια, latreuo que significa "adorar"). Latria é um termo usado na teologia Católica e Ortodoxa para significar o culto de adoração prestado somente a Deus, isto é, à Santíssima Trindade.
Exemplo concreto da Monolatria encontrava-se em Israel, durante quase toda a sua história, porquanto se adorava a Iavé como o Deus supremo de Israel, embora existissem outros deuses e existissem muitos israelitas que os adoravam também, sobretudo muitos entre aqueles que viviam no Exílio.
O culto da monolatria (e o de latria) é distinto do culto de dulia (do grego δουλεια, douleuo que significa "honrar"), que é que se presta aos Santos e do culto de hiperdulia (grego: hyper, acima de; douleuo, honra) ou acima do culto de honra (usualmente atribuído à Mãe de Jesus) e que, de maneira nenhuma atinge o culto de adoração.
4.3- Henoteísmo
Henoteísmo (do grego εν θεός, "um deus") é um termo criado pelo orientalista e estudioso das religiões Max Müller (1823-1900) para designar a crença num deus único, mesmo aceitando a existência possível de outros deuses, isto é: embora se preste a adoração a um Deus suposto o Deus supremo de um determinado grupo, tribo ou povo,


NOTAS
[1] [Online] [Consult 02-09-2011] Disponível em: http://www.dicio.com.br/selvagem/.
[2] [Online] [Consult 02-09-2011] Disponível em: http://pt.thefreedictionary.com/selvagem.
[3] Ao oikos grego correspondia a domus romana. Da palavra “ecologia”, “ecológico”
[4] [Online] [Consult 02-09-2011] Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012000000100002&script=sci_arttext.
[5] [Online] [Consult 02-09-2011] Disponível em: http://www.infoescola.com/cultura/indigena/.
[6] [Online] [Consult 02-09-2011] Disponível em: http://www.comunidadeespirita.com.br/religioes/17%20totemismo.htm.
[7] Adriano Alessi - Los Caminos de lo Sagrado [On line] [Consult 18-10-2011] Disponível em: http://books.google.pt/books?id=HRM-XhSuLfcC&pg=PA107&lpg=PA107&dq=E.+Garrie+%2B+polidemonismo&source=bl&ots=_org-gXRIQ&sig=orF8aa1upR2uE_47FEXG9gNKS3A&hl=pt-PT#v=onepage&q=E.%20Garrie%20%2B%20polidemonismo&f=false.
[8] [On line] [Consult 18-10-2011] Disponível em: http://books.google.pt/books?id=HRM-X+Garrie+++monote%C3%ADsmo&source=bl&ots=_org0aYMKN&sig=ZSCaq_NZyI-EsJvahSxqadnDLs&hl=pt-PT#v=onepage&q=E.%hSuLfcC&pg=PA107&lpg=PA107&dq=E.20Garrie%20%20%20monote%C3%ADsmo&f=false..
[9][On line] [Consult 18-10-2011] Disponível em: http://books.google.pt/books?id=pMyem0a_o3sC&pg=PA204&lpg=PA204&dq=K.+Goldammer+++polytheism+monotheism&source=bl&ots=PfI5FqBTTz&sig=nBQB0REAWGnxcXW0Abzevyb8FIw&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=false. E também: http://www.folklore.ee/folklore/vol17/magic.pdf.
[10] Nasceu em 1868 em Hörde, Westphalia, WestphaliaWestphalia, e morreu em 1954 em Fribourg, na Suiça. Pertenceu, como missionário a Sociedade do Verbo Divino. Estudou em Berlim. Esperto em Línguas Orientais, ensinou em várias universidades (cf. http://www.encyclopedia.com/topic/Wilhelm_Schmidt.aspx.Wilhelm Schmidt was born in 1868 in Hörde, Westphalia, and died in 1954 in Fribourg, Switzerland. He joined the Divine Word Missionaries (Societas Verbi Divini, or S.V.D.) in 1883 and was ordained a priest in 1892. Wilhelm Schmidt was born in 1868 in Hörde, Westphalia, and died in 1954 in Fribourg, Switzerland. He joined the Divine Word Missionaries (Societas Verbi Divini, or S.V.D.) in 1883 and was ordained a priest in 1892. Wilhelm Schmidt was born in 1868 in Hörde, Westphalia, and died in 1954 in Fribourg, Switzerland. He joined the Divine Word Missionaries (Societas Verbi Divini, or S.V.D.) in 1883 and was ordained a priest in 1892. Wilhelm Schmidt was born in 1868 in Hörde, Westphalia, and died in 1954 in Fribourg, Switzerland. He joined the Divine Word Missionaries (Societas Verbi Divini, or S.V.D.) in 1883 and was ordained a priest in 1892. Wilhelm Schmidt was born in 1868 in Hörde, Westphalia, and died in 1954 in Fribourg, Switzerland. He joined the Divine Word Missionaries (Societas Verbi Divini, or S.V.D.) in 1883 and was ordained a priest in 1892.
[11] Eis como a Wikipédia descreve a iniciação de Voltaire na Maçonaria. “Iniciado maçom no dia 7 de março de 1778, mesmo ano de sua morte, numa das cerimónias mais brilhantes da história da maçonaria mundial. A Loja Les Neuf Sœurs, Paris, inicia ao octogenário Voltaire, que ingressa no Templo apoiado no braço de Benjamin Franklin, embaixador dos EUA na França nessa data. A sessão foi dirigida pelo Venerável Mestre Lalande na presença de 250 irmãos. O venerável ancião, orgulho da Europa, foi revestido com o avental que pertenceu a Helvetius e que fora cedido, para a ocasião, pela sua viúva. Chamado a Paris em 1778, foi recebido em triunfo pela Academia e pela Comédie-Française, onde lhe ofereceram um busto. Esgotado, morreu a 30 de Maio de 1778” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Voltaire).
[12] [On line] [Consult 18-10-2011] Disponível em: http://www.cfh.ufsc.br/~conte/txt-fieser4.pdf.
[13] Na sua obra Émile ele defende a doutrina segundo a qual “a ciência e a cultura em geral são vistas como focos de degeneração que afastam o ser humano da sua natureza genuína. Para libertar o homem do estado de servidão em que a sociedade o coloca, Rousseau apresenta duas vias complementares.
A primeira - exposta pormenorizadamente no Émile (1762) - respeita à pedagogia, propondo que esta permita à criança desenvolver-se naturalmente na afirmação espontânea da sua essência e de acordo com a sua própria experiência pessoal, evitando que se torne vítima das deformações que a sociedade lhe procura impor.
A segunda, no âmbito da filosofia política - e desenvolvida no Contrato Social (também de 1762) -, visa o restabelecimento da liberdade e baseia-se na ideia de soberania popular. Esta deve ser concretizada através do contrato social segundo o qual cada indivíduo se deve submeter à vontade geral, convergência e expressão mediada da vontade de cada um, garantindo assim a liberdade e a igualdade de todos. A submissão da Lei à vontade geral assegurará a sua justiça, não cabendo ao poder executivo mais do que garantir a sua correta aplicação.Para libertar o homem do estado de servidão em que a sociedade o coloca, Rousseau apresenta duas vias complementares”. http://www.infopedia.pt/$jean-jacques-rousseau.
[14] Advérbio derivado de diacronia (/Diakronia/), termo, por sua vez, a partir do prefixo grego δια-, com o significado de diferenciação e o substantivo χρόνος, tempo indica o estudo ( ou acção) ou a evolução dos factos que se sucedem segundo o seu devenir no tempo, segundo uma perspectiva dinâmica e evolutiva.
[15] [Online] [Consult 03-2011] Disponível em: http://www.ecured.cu/index.php/Polite%C3%ADsmo .

5- Bibliografia
David Hume (1889).The Natural History of Religion [1757]. With an Introduction by John M. Robertson (London: A. and H. Bradlaugh Bonner.
Goldammer, Kurt (1980). Magie. Historisches Wörterbuch der Philosophie. Bd. 5. Darmstadt.
Harkness, Geórgia (1954). The Sources of Western Morality from Primitive Society Through the Beginnings of Christianity. New York: Charles Scribner's Sons.
Hume, David (1757). (1995) The Natural History of religion (História Natural da religião) Copyright, James Fieser.
Mircea Eliade (1919 e 2004). Tratado de História das Religiões. Reimpresso em 2010 por São Paulo: Martins Fontes, (com 479 pp.).
Novikov, M. P. (1981). Breve diccionario de ateísmo. Editorial de Ciencias Sociales, La Habana,.
Rousseau, Jean Jacques (1762). Émile (ou De L'education). A Amesterdam: ChezJean Néaulme, Libraire .
Voltaire (2002). Dicionário Filosófico. São Paulo: Martin Claret.
Wilhelm Schmidt (1937 e 1939). The Origin and Growth of Religion.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Capítulo 1: Religião: será possível defini-la?

1 – Uma descrição possível 1
2 - Uma tentativa de definição: 1
· 1º O método da abstracção. 2
· 2º Método aditivo. 2
· 3º Método de subtracção: 2
· 4º Método da identidade: 3
· 5º Método de isolamento: 3
· 6º Método evolucionista: 4
· 7º Método de interpretação: 4
· 8º Método funcional 5
3- Religião definida em relação às Culturas. 6
4- Características de uma Religião. 6
5- Famílias de Religiões. 7
6- Conclusão. 8
7- Bibliografia. 9

1 – Uma descrição possível

Por “Religião” pode considerar-se um grupo humano, mais ou menos alargado, que siga uma tradição oral e/ou escrita pela qual se relaciona com um mundo espiritual e superior que é controlado por uma ou mais divindades.

2 - Uma tentativa de definição:

Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa – sem acordo ortográfico (Infopédia[1]),”Religião” é a crença na existência de um poder sobre-humano e superior do qual o homem se considera dependente” ou o “conjunto de preceitos, práticas e rituais pelos quais se manifesta essa crença”.
A tradição latina sustentou, por longo tempo, a opinião do grande orador, filósofo e político, Marco Túlio Cícero (106-43 a. C.), segundo a qual a palavra “Religião” (Religio) derivaria do verbo re-légere o que, em português, teria dado “re+ler” ou “interpretar ao pé da letra" e que, por extensão da ideia, viria a significar uma cuidadosa reconsideração e profunda concentração da mente em estudo que reclama respeito e reverência. Encontrar-se-ia, então, nesta etimologia ciceroniana a base de os latinos terem sido identificados como “aqueles que liam e reliam os Escritos das suas Tradições Sagradas”, para deles retirarem ensinamentos salvíficos.

Diferentemente desse autor latino, viria três séculos depois (250-320 d.C.) um escritor cristão, chamado Lactâncio[2], com a opinião de que o mesmo vocábulo “Religio” (Religião) procederia do verbo latino re-ligare, "tornar a ligar; amarrar de novo" e não de re+légere.

De acordo, pois, com a hermenêutica de Lactâncio, religião tratar-se-ia de "um “religamento” ou “reatamento”. Esta ideia de religamento só poderia basear-se na suposição de que a religião servia para reatar as relações entre o homem e a divindade, relações essas que se supunha terem sido interrompidas em tempo indeterminado. Pelo menos é isto que supõe o significado de “reatamento” que tem na sua raiz o verbo “Re+ligare”.

Modernamente, o nosso contemporâneo Norbert Schiffers (1970, pp. 246-259), teólogo, antropólogo e estudioso das religiões, começa por admitir e afirmar que definir o que seja a religião não é um trabalho fácil, mas árduo: There can be no easy-going approach to the subject of religion today, above all if one considers it the quintessence of one’s relationship to God.
Nega, porém, que a noção de religião seja apenas puramente abstracta e não possam verificar-se as suas formas concretas.

Esclarece e exemplifica que, no campo do Estudo das Religiões, a Filosofia das Religiões tem considerado, oito métodos apropriados para encontrar critérios formais e matérias para uma definição de Religião. Eis como ele os enumera e critica:

1º O método da abstracção (ou subtracção): este método prescinde de todas as particularidades de cada religião individualmente tomada, para obter a essência da religião.
Crit.: Este método, segundo o nosso autor, não traz contribuição alguma valiosa para a compreensão das atitudes concretas religiosas.
2º Método aditivo: este método procura construir a essência de religião a partir da combinação das afirmações assertivas/positivas de todas as religiões.
Crit.: Este método ignora o facto de que a essência de religião não é obtido imediatamente com a adição de todas as notas positivas. Deve existir, a priori, uma noção que seja capaz de distinguir entre o que é essencial e o que é acidental.
3º Método de subtracção: Apesar do método aditivo ter trazido alguns progressos, o Racionalismo excluiu as religiões históricas destas considerações, supondo-as em decadência, pelo que seria necessário procurar a verdadeira e genuína essência, na verdade espiritualizada da religião.
Crit.: A religião que daí resultaria seria tão inútil que não poderíamos explicar como é que a religião é historicamente relevante e aplicável aos homens.
4º Método da identidade: Este é, praticamente, não-histórico e é aquele mais usado pela ortodoxia tradicionalista e por algumas seitas.
Crit.: Este método mantém que a essência de religião é de uma vez por todas e permite que não haja variações de expressão, tanto no tempo, como no espaço.
5º Método de isolamento: A partir de Schleiermacher[3], de Otto[4] e de Nygren[5], houve a tendência de isolar um certo aspecto da religião, como por exemplo: a experiência religiosa, o sentimento, o sagrado. Isto tornou-se o motivo da religião e o motivo foi identificado com a essência.

Schleiermacher, depois de escrever obras dedicadas à exegese do Novo Testamento (Introdução e Interpretação), à Ética, à Teologia Dogmática, à Prática, à História da Igreja e da Filosofia, à Psicologia, à Dialéctica, etc., preparou a célebre obra Der christliche Glaube nach den Grundsätzen der evangelischen Kirche que foi publicada em 1821 – 1822[6].
Nesta obra defendeu que, a Teologia Dogmática tradicional protestante assentava no princípio, tido como fundamental, de que o homem sentia a religião, não apenas como um sentimento interior (vivendo numa absoluta dependência de Deus), mas também que tal ideia tinha sido transmitida pela Igreja como tendo sido inculcada desta forma por Jesus. Tal doutrina remetia para segundo plano os ensinamentos autênticos das Sagradas Escrituras, assim como a compreensão racional dos factos com elas relacionados.

Religião, por conseguinte, nessa Teologia não passava de uma simples descrição dos sentimento religiosos ou da vida interior da alma nas suas relações com Deus e estes factos internos eram vistos nos vários estádios do seu desenvolvimento e apresentados numa sistematização bem orquestrada.

Portanto, o desejo do trabalho de Schleiermacher foi a de reformar essa teologia protestante e a de colocar um fim à irracionalidade e superficialidade, tanto do super naturalismo, como do racionalismo e de libertar a religião e a teologia da dependência que sentia em relação aos sistemas filosóficos, perpetuamente em mudança.
Crit.: As vantagens deste método consistiram em terem concentrado motivos chamarizes para a educação religiosa. Mas tal contributo nada adiciona à noção de religião. Isto exclui as motivações de outras religiões, tais como a razão que é também parte da religião.
6º Método evolucionista: Este método que foi usado por Ludwig Andreas von Feuerbach (1804-872), Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-1961) e que se chama método evolucionista ou genético, assume que no ponto crucial do desenvolvimento individual e sociológico, os fenómenos não-religiosos mudam a religião. É o momento em que o indivíduo não pode mais suportar a sua dependência, ansiedade e pobreza. Ele cobre, então, essa miséria por meio de uma projecção do poder divino que o premiará na outra vida. Tal atitude fez dizer ao célebre filósofo e antropólogo alemão, Feuerbach que “o homem pobre tem (dentro de si) um homem rico”.
Crit.: Este método pode ter um valor terapêutico, mas foi desafortunadamente generalizado como sendo um mandatário pedagógico, sob a ilusão de que o homem religioso tem de ser libertado da sua própria alienação através da supressão da religião. Daqui surgiu a definição que foi dada à religião como “ópio do povo”, o que, na verdade, não passa de uma falso dogmatismo falho de esperança.
7º Método de interpretação: A filosofia gnóstica e, mais tarde Hegel viram a religião como a confidente na transcendência do verdadeiro ser e na dedicação a essa transcendência. A sua atitude é positiva, mas sustentam que essa confiança e dedicação aparecem unicamente depois que a razão tomou o lugar do seu “prelúdio”, a religião. Assim os Gnósticos sustêm que a interpretação de religião se encontra apenas no conhecimento filosófico. Tal asserção levou Søren Aabye Kierkegaard[7] a afirmar que a religião é um asilo para os homens de mente débil, ressuscitando o axioma de Baruc Espinosa[8] que já tinha dito: Deus é o asilo da ignorância e Albert Einstein viria, mais tarde (1879 – 1955), dizer, por meio desta frase:

A palavra Deus, para mim, é nada mais que a expressão e produto da fraqueza humana; a Bíblia, uma colecção de lendas honradas, mas ainda assim primitivas, que são bastante infantis[9].

Crit.: Seja como for, é impossível mostrar porque é que somente a razão pode levar à libertação das limitações e à verdadeira comunicação.
8º Método funcional: Este método conjuga a aproximação e notas históricas com as componentes funcionais, que, na sua opinião, mudam com a mutação dos tempos.
Crit.: Este método, porém, não oferece um princípio estrutural que se encontre na base dessas unções e, além disso é incapaz de excluir um número de funções que estão associadas à religião mas que podem ser objecto de reformas.

Depois de todos estes oito métodos, o autor conclui que nenhum deles pode mostrar o que seja suficiente para determinar os verdadeiros critérios para formar uma verdadeira definição de religião. E, por isso, depois de admitir que a interpretação etimológica antiga e tradicional de religião continua a ser a mais seguida, termina por dizer:
Religion” comes from the Latin religio, which describes the religious act, the three verbs relegere, religare and re-eligere being possible derivations” (Vol. 3, pp. 246s).

Segundo este último autor a palavra “Religião” poderá derivar de Re+eligere (re+eleger ou tornar a eleger) o que introduz ama nova ideia, isto é a ideia de uma “eleição” que é reatada ou “retomada”.

Battista Mondin, (1980, p.87), por sua vez, define a religião a partir do acervo de conhecimentos e da multiplicidade de acções e de estruturas de que se compõe pelos quais expressa a sua dependência e veneração em relação ao sagrado e pelos quais se torna e manifesta dependente relativamente a esse mesmo sagrado[10].

Otto Maduro (1983, p. 31), desejando definir “Religião” sob o aspecto sociológico e reconhecendo, no entanto, as limitações que a mesma inclui, partiu para uma outra possibilidade, definindo-a como uma estrutura de discursos e práticas comuns a um grupo social, referentes a algumas forças (personificadas ou não, múltiplas ou unificadas) tidas pelos crentes como anteriores e superiores ao seu ambiente natural e social, frente às quais eles expressam certa dependência (ex. o serem criados, governados, protegidos, ameaçados etc.) e diante das quais se consideram coagidos a um certo comportamento em sociedade com seus 'semelhantes'". Diga-se, de passagem, que tal tentativa tem a vantagem de fazer ressaltar a componente sociológica de religião[11].

3- Religião definida em relação às Culturas

Modernamente tem-se reflectido na Religião mais sob o aspecto sociológico, considerando-a como um acesso simbólico ao “fundamento” das culturas e como memória destas mesmas (Teixeira, 2006, p.19-29).

Num tempo em que muito se tem falado e escrito sobre a interculturalidade, devido ao fenómeno, por todos conhecido, dos deslocamentos contínuos das populações dos diversos povos e continentes, a Religião da cada grupo étnico ou povo serve-lhes como ponto de referência para se situarem no novo meio ambiente em que se encontram e que, por vezes, lhes é bastante adverso. Basta considerarmos que, na maioria dos casos nos referimos a esses povos, grupos e indivíduos utilizando a sua filiação religiosa. Dizemos, por exemplo: um muçulmano, um hindu, dando-lhes como origem não um terreno geográfico, mas sim uma pertença religiosa.

Teixeira (idem, p. 22), seguindo Wittengstein (1972, p. 173) supõe, que em todos esses grupos humanos se encontra, como “fulcro da religião” (…), “aquele elemento místico que se traduz na experiência do mundo enquanto totalidade”. Tal experiência, suponho eu, não é apanágio nem exclusivo de uma única e determinada religião ou povo, mas é característico de todas as religiões e sentida por todos os indivíduos, grupos e povos que praticam uma religião, seja ela qual for.

Por outro lado, cada indivíduo, grupo ou povo, toma a sua própria religião como um memorial da cultura dos seus ancestrais (idem p.24). Nela revêem as tradições religiosas e, até cívicas ou profanas, herdadas dos seus antepassados, fazendo a ligação entre o passado longínquo e o presente em que se encontram. E, com a prática contínua dessa mesma religião, alicerçam e nutrem o seu próprio futuro que esperam seja cada vez mais risonho e profícuo.

4- Características de uma Religião

Independentemente de ser possível ou não, dar uma definição inequívoca de religião, considero que nela se deverão encontrar as seguintes características:
1º Apresentar um determinado misticismo e religiosidade, considerando estas duas características como as qualidade dos indivíduos pelas quais se integram no mundo sagrado da sua religião e a prosseguem no seu dia-a-dia;
2º Possuir um determinado conjunto de crenças, práticas e rituais;
3º Possuir um Credo que envolva as suas crenças e doutrinas essenciais que versam: sobre a divindade ou divindades que aceita, propõe e adora, sobre o mundo dos espíritos e sobre a sorte que espera os crentes após a morte;
4º Considerar o aparecimento dessa religião como sendo de inspiração divina;
5º Possuir um Código próprio que envolva, não só as crenças, éticas e tabus, mas também, de certa forma, a ideia sobre o pecado;
6º Basear-se numa Tradição oral, ou/e escrita e numa Autoridade que a interprete legitimamente;
7º Contar com uma Comunidade de crentes, mais ou menos alargada, o que lhe confere o aspecto social e humano.

5- Famílias de Religiões

De uma maneira geral, os estudiosos das Religiões dividem estas em dois grandes grupos: as Religiões Primitivas e as Religiões Universais.

Ao primeiro grupo pertencem, as Religiões Primitivas tradicionais da África, da Australásia, da Oceania, de algumas regiões da Ásia; as religiões dos povos ou tribos primitivos pré-cristãos de cariz animista (estas últimas caracterizadas por serem locais e específicas para a nação ou povo que as praticam); as Religiões primitivas remanescentes, ou seja aquelas religiões primitivas que sobrevivem actualmente e se encontram normalmente em sociedades não-alfabetizadas em algumas regiões da África, ou outros continentes, e que têm características tribais.

Ao segundo grupo – as Universais – pertencem aquelas que sustentam serem válidas e necessárias para todo o homem, sendo constituídas por três sub-famílias, a saber:
1- Família semítica: judaismo, cristianismo e islamismo;
2- Família Indiana, composta pelo Hinduísmo, Budismo, Jainismo e Sikhismo[12];
3- Família do Extremo Oriente: Confucionismo, Taoísmo, Xintoísmo.

Outra divisão muito comum é aquela que se baseia no próprio objecto do culto, send denominadas:


1- Religiões Panteístas – consideram que todo o universo e todas as suas criaturas são parte da divindade (muitos povos antigos e muitos indivíduos e religiões actuais como o Jainismo, etc;
2- Religiões Politeístas – Acreditam e adoram várias divindades (Hinduísmo, Religiões gregas, egípcias, assiro babilónicas, germânicas, as primitvas e tradicionais africanas e indígenas das Américas, etc.

3- Religiões Monoteístas – Acreditam e adoram um só Deus – Judaísmo, Cristianismo, Islamismo… (há quem inclua o Hinduísmo nesta última classe, o que não me parece de todo verídico e consentâneo com a realidade).

6- Conclusão

Dar uma definição concreta e perfeita do termo “religião” é uma tarefa árdua e não existe consenso entre os diversos autores que tratam deste assunto. Pessoalmente considero que, o termo, de facto, é polissémico, não passando de valiosas descrições todos os esclarecimento que têm sido apresentados até ao presente para defini-lo.

No entanto, o que me parece indubitável é que toda e qualquer religião, por um lado, insere, nos seus principais objectivos o de estabelecer um forte relacionamento entre o homem e um Ser (ou vários seres) que considera Superior(es), omnisciente(s) e omnipotente(s) e, portanto, capaz(es) de lhe oferecer(em) o bem-estar na terra e a felicidade suprema num mundo extra-terrestre, e, por outro, assume como pertencentes à sua essência os sete requisitos que expus no nº4.

7- Bibliografia

Collins, James, (1967). The Emergence of Philosophy of Religion (London & New Haven: Yale University Press.
Despland, Michel – Vallée, Gerard (1992). Religion in History. The Word, the Idea, the Reality. Waterloo: Wilfrid Laurier University Press.
Geertz, Clifford (1966). Religion as a cultural system, in M. Banton (ed.), Anthropological Approaches to the Study of Religion. London: Tavistock, 1-46.
Hatzfeld, Henri (1993). Les racines de la religion. Paris : Seuil.
Hervieu-Léger, Danièle (1993). La religion pour mémoire. Paris : Le Cerf.
Maduro, Otto (1983). Religião e Luta de Classes. Rio de Janeiro: Vozes.
Nygren, Anders (1972). Meaning and Method, Prolegomena to a Scientific Philosophy of Religion and a Scientific Theology. London, Epworth Press.
Oemüler, Willi (1969). “Philosophy of Religion” in Sacramentum Mundi, Vol. 3, pp. 253-259. Edited by Karl Rahner with Cornelius Ernst and Kevin Smyth. Barcelona: Herder and Herder New York. Burns &Oats London.
Otto, Rudolf (1917). The Holy - On the Irrational in the Idea of the Divine and its Relation to the Rational. Oxford University Press.
Schiffers, Norbert (1970) “Religion – Concept” in Sacramentum Mundi. An Encyclopedia of Theology. (Vol. 3, pp. 246-259). Edited by Karl Rahner with Cornelius Ernst and Kevin Smyth. Barcelona: Herder and Herder New York. Burns &Oats London.
Schleiermacher, Friedrich Daniel (1799), E.T[13]. (1893). Religion: Speeches to its Cultured Despisers. (New edition in 1967) Lectures on the Essence of Religion;
Teixeira, Alfredo (2006). O Sagrado e a Religião in Religiões: História. Textos. Tradições. Lisboa: (Religare) Paulinas.
Vallet, Odon (1999). Qu’est-ce qu’une religion (Que sais-je ? 2961). Paris: PUF.
Weber, Max (E.T.1964). The Sociology of Religion. Boston: Beacon Press.
White, V (1953). God And The Unconscious. Chicago: Henry Regnery Company.
Wittgenstein, Ludwig. (1967). Lectures and Conversations on Aesthetics, Psychology and Religion. Oxford: Blackwell.
Blog: http://comatze.blogspot.com/.

[1][Online] [Consult 01-08-2011] Disponível em: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/religi%C3%A3o.
[2] Em latim: Lucius Caelius (ou Caecilius?) Firmianus Lactantius), nascido em Cirta, na Numídia (África Latina) e que, vivendo entre os anos 250 – 320, se dedicou à Filosofia, vindo a tentar sistematizar a Fé Cristã. Na sua juventude foi aluno do apologista Arnóbio de Sica, que morreu no ano 330 d.C., e lhe ensinou Retórica [Online] [Consult 27-08-2011] Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/Lactanci.html.
[3] Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher (nascido em Breslau, a 21 de Novembro de 1768 e falecido em Berlim a 12 de ~Fevefreiro de 1834) foi pregador em Berlim na Igreja da Trindade, deu aulas de Filosofia e de Teologia em Halle an der Saale . Traduziu para o alemão as obras do filósofo grego, Platão . Foi influenciado Kant e Fichte , mas não se tornou um idealista subjectivo.
[4] Rudolf Otto (25 Setembro, 1869 – 6 Março 1937) foi um grande teólogo luterano e investigador no campo das Religiões comparativas. Em 1917 escreveu Das Heilige - Über das Irrationale in der Idee des Göttlichen und sein Verhältnis zum Rationalen (The Holy - On the Irrational in the Idea of the Divine and its Relation to the Rational) no qual definiu o conceito de sagrado como aquilo que é não-racional, experiência não-sensorial ou sentimento cujo objecto primário e imediato se encontra fora de si próprio”. Ele cunhou o novo termo de “numinoso” baseando-se no latim “numen” (divindade).
[5] Anders Nygren (1890-1978), o maior representante da assim chamada Escola Teoloógica, foi, não só professor na Universidade e Bispo da cidade sueca de Lund, mas também uma figura memorável no Movimento Ecuménico, chegando a desempenhar as funções de Presidente da Federação Luterana. Escreveu a célebre obra Meaning and Method, Prolegomena to a Scientific Philosophy of Religion and a Scientific Theology que foi publicada na Inglaterra e América em 1972 (Cf. sites: [On line] [Consult 03-10-2011] Disponível em:
[6] A sua 2ª edição, muito alterada foi publicada em 1830 – 1831 e a 6ª, em 1884.
[7] Filósofo e teólogo dinamarquês, nascido em Copenhaga, a 5 de Maio de 1813, e aí falecido, a 11 de Novembro de 1855.
[8] Contemporâneo do Jesuíta e biblista português Manuel de Sá (1530-1596), Espinosa nasceu em Amesterdão, Países Baixos, numa família judaica portuguesa, a 24 de Novembro de 1632, e faleceu em Haia a 21 de Fevereiro de 1677. Foi, no século XVII e com René Descartes e Gottfried Leibnitz (1646 –1716 )um dos famosos racionalistas da Filosofia Moderna, tendo dedicado vários estudos à interpretação da Bíblia, pelos quais veio a ser considerado o fundador do criticismo bíblico moderno. Pela sua doutrina de vanguarda respeitante à Bíblia que a considerava uma obra metafórico-alegórica e pela sua teologia irreverente, segundo a qual Deus era apenas o Mecanismo imanente da Natureza e do Universo, foi punido, no verão de 1656, pela Sinagoga Portuguesa de Amesterdão com a famosa excomunhão, ou chérem , como se diz em hebraico).
[9] [On Line] [Consult 06-10-2011] Disponível em: http://ateus.net/citacoes/.
[10] Para uma eventual consulta, ver obra na Biblioteca da Universidade Católica – Bibl. João Paulo II, Cota: 101.1 MON.
[11] Para uma eventual consulta, ver obra na Biblioteca da Universidade Católica – Bibl. João Paulo II, Cota: 2:301 MAD.
[12] O Siquismo (ou Sikhismo) é uma religião monoteísta bastante recente, uma vez que foi fundada apenas nos finais de século XV pelo Guru Nanak, numa região chamada Punjab. A sua doutrina depende do Hinduísmo e Islamismo (o sufismo), e ensina que Deus é eterno e criador do mundo e de todos os seres humanos e não humanos.
[13] ET = Études et Travaux. Travaux du centre d'archéologie méditerranéenne d'Académie polonaise des sciences (Warsaw).