Conteúdo
1- Breve história socio-política egípcia
A história sócio-política do Egipto pode ser dividida em três
grandes períodos:
–
Período pré-histórico. A Pré-história
corresponde ao período da história que antecede a invenção da
Escrita (que deve ter ocorrido cerca do ano 3500 a.C, ano este que foi
tomado como o começo dos tempos históricos, ou seja o período compreendido
entre os anos 1.700 000 e 3.150;
–
Período pré-dinástico que é composto
pelos tempos que vão desde os seus inícios (não conhecidos) até ao ano 3150
a.C;
–
Período Dinástico cujos inícios foram
estabelecidos no ano 3150 a.C.
Mas podemos
alargar estes três períodos propondo a seguinte divisão:
História do Egipto
PERÍODOS
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DENOMINAÇÃO
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DATAS
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SUB-PERÍODOS
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1. Pré-História
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(1 700 000 - 250.000)
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A cultura acheuliana
e Outras
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Por volta do ano 7600
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Período Neolítico e
primeiros assentamentos conhecidos junto do Delta
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Por volta de 3 150 a.C.
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Deu-se a unificação do Alto e Baixo Egipto,
sob o primeiro faraó Narmer, começando a desenvolver-se durante os três milénios
seguintes.
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3. Período pré-dinástico
|
Anterior a 3 100
a.C.
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4. Período Dinástico
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Período protodinástico |
(c. 3150-2686 a.C.)
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(2686-2160 a.C.)
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(2160-2055 a.C.)
|
|||
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(2050-1650 a.C.)
|
||
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(1650-1550 a.C.)
|
||
(1550-1069 a.C.)
|
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1º
Período Persa
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(664-332 a.C.)
|
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(664 a.C. e 332 a.C.)
|
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(343-332)
|
Desde a queda do faraó
Nectanebo II até ao ano 343 tempo em que Artaxerxes III tomou o Egipto.
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6- Período
Grego
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Alexandre Magno
|
332 a. C. Alexandre o
Grande acabou por tomar o Egipto
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Ptolomeus
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7. Período
Romano
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Único império
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(30 a.C. - 394 d.C.)
|
Cristianismo
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8. Período
Bizantino
|
(395 – 641 d.C.)
|
Depois da divisão do
império Romano em império do Ocidente e império do Oriente
|
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(641- Até hoje)
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(1250-1254)
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(1382-1516/7
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Bahríes
(turcos)
Burŷíes de
origem caucasiano
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(1805-1953)
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Estado vassalo Autónomo do Império Otomano
(sob a ocupação do Império Britânico
a partir de 1882 até 1914)
(Império Otomano) |
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(1914-922.
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Nome do Protectorado
Britânico no Egipto entre 1914 até 1922.
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10. Reino do Egipto
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1922-1953)
|
Criado depois do
protectorado britânico que vigorou desde 1914
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11. República
Árabe do Egipto
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(1953 - .)
|
Antigo Egipto[1]
Mapa actual do Egipto[2]
2- Cosmogonia egípcia e o mito da Criação
Quando se fala
da religião egípcia, a primeira coisa que nos vem à mente é a de a
considerarmos “politeísta”. Inclusivamente, quando reconsideramos o assunto,
verificamos que não havia, nesse tempo, uma sistematização teológica sobre as
diferentes e variadas divindades e, muito menos, sobre as suas respectivas
atribuições divinas. O que existia era, sim, uma variedade de mitos que davam
conta da cosmogonia e antropogonia egípcias.
No Egipto,
assim como na Mesopotâmia, existiam diferentes apresentações do mito da
criação, não podendo nós presumir tratar-se de puras invenções. As diferenças
existentes entre os vários mitos aconteceram porque muitas foram as cidades nas quais se fez
prevalecer o seu deus tutelar. Daí surgirem, no Egipto, várias Enéadas (do
grego 9 - Ennea) ou Pesedjet (em egípcio) que consistiam num conjunto
de nove divindades, pertencentes à mesma família. É de notar que nem todas as
Enéadas eram constituídas por esse número nove, pois que havia algumas que apenas possuíam
sete, seis ou mesmo três divindades.
As 23 Divisões (ou Nomos) administrativas [3]
Os cinco mitos,
hoje, mais conhecidos, são o de Heliópolis, o de Mênfis, o de Tebas, o da
Elefantina (ilha situada perto da primeira cascata do Nilo) e o de Hermópolis.
2.1- O Mito de Heliópolis[4] (Iunu, jwnw e o seu símbolo em hieróglifo)
O mito mais
importante e o qual desenvolveu uma determinada hierarquia divina na criação do
universo, incluindo o mito da criação da humanidade, foi o mito da cidade de
Heliópolis, assim chamada porque nela se encontrava o Centro religioso dedicado
ao deus Sol. (Ἡλιούπολις, ’cidade do Sol’) e que se situava a 8 ou 10 km a
Este do rio Nilo em direcção ao Norte do vértice do seu Delta.
Segundo a
mitologia desta cidade o seu nome original era o de Iunu (jwnw) ou Iunet Mehet[5], que
na língua egípcia antiga significava "O Pilar" ou "Pilar do
Norte" e que chegou a ser a capital do XIII Nomo do Baixo Egipto e,
portanto, uma das principais cidades egípcia, tanto sob o ponto de vista
político, como religioso, na época do Império Antigo, embora já existisse
anteriormente, principalmente na Época Tinita[6],
tornando-se a cidade por excelência, do deus RÁ, onde possuía um majestoso
templo.
Segundo a
mitologia grega, Heliópolis teve por seu fundador Átis, filho de Hélio (Ἡλιος) que se viu coagido a ausentar-se de Rodes, seu torrão natal, por ter assassinado
o seu irmão Tenages[7]
De acordo com o
relato desta mitologia egípcia da criação, no princípio só existia o OCEANO.
RÁ, o primeiro deus, emergiu deste Oceano, sendo, então, a sua
vez de proceder à criação do Universo. Em primeiro lugar criou quatro filhos:
dois deuses (SHU e GEB) e duas deusas (TEFNET e NUT).
Diagrama do Mito da Antropogonia de Heliópolis
Da união de GEB
e NUT, nasceram dois filhos (SET e OSÍRIS) e duas filhas (ÍSIS
e NEFTIS) que participaram das características divinas de seus
progenitores. Eis o diagrama que nos pareceu apropriado para representar esta
criação:
Ao deus RÁ
sucedeu como rei da terra, o seu filho, OSÍRIS, que
ficou a ser auxiliado por ÍSIS, sua esposa e irmã.
Osíris[8]
Nesta primeira imagem vemo-lo com
a mão direita a segurar o cajado (hekat) e com a mão esquerda o açoite (nekhakha),
enquanto na sua cabeça se encontra a coroa (atef), que consta de uma coroa
branca com duas plumas de avestruz. Podia, também
ser representado com um uraeus (serpente) sob a coroa e dois chifres de carneiro.
Representação mais comum de Osiris[9]
“Tinha vários nomes como estes: Usiris, Asar, Aser,
Ausar, Ausir, Wesir, Usir, Usire ou Ausare…Esta divindade que encarna a terra egípcia
e a sua vegetação destruída pelo sol e pela seca, mas sempre renascida pela força vivificadora das
águas do Rio Nilo".
Embora o significado próprio do nome Osíris seja desconhecido, um dos significados mais aceites é aquele de muitos-olhos, sendo este um significado muito apropriado para representar os raios do Sol, que vêem tudo, tanto sobre a terra quanto sobre o mar. Há, no entanto, quem pense que também possa significar "Aquele que ocupa um trono", "Aquele que cria um trono", "Lugar/Força do Olho", "Aquele que copula com Ísis", ou ainda, "O Poderoso", ou, ainda, “O deus Sol".
Embora o significado próprio do nome Osíris seja desconhecido, um dos significados mais aceites é aquele de muitos-olhos, sendo este um significado muito apropriado para representar os raios do Sol, que vêem tudo, tanto sobre a terra quanto sobre o mar. Há, no entanto, quem pense que também possa significar "Aquele que ocupa um trono", "Aquele que cria um trono", "Lugar/Força do Olho", "Aquele que copula com Ísis", ou ainda, "O Poderoso", ou, ainda, “O deus Sol".
“A sua representação mais comum correspondia ao de um
homem mumificado com uma barba postiça, com braços
que emergem do corpo cruzados sob o peito. As suas mãos seguram o cajado hekat
e o açoite nekhakha9. Na cabeça Osíris apresentava a
coroa atef, isto é, uma coroa branca com duas plumasde avestruz"[10].
Poderia também
ser retratado como uma múmia deitada de costas, de cujo corpo emergiam espigas
de trigo ("Osíris vegetante").
Esta
representação está associada à prática muito comum entre os egípcios de
regarem uma estátua dessa divindade, feita de terra e de trigo, após o que a enterravam
nos campos agrícolas para que produzissem boas colheitas, prática que parece
ter a sua origem em tempos pré-históricos.
Fratricídio
e Ressurreição
Pouco tempo depois,
eis que SET, movido pelo ciúme começa a odiar o seu irmão OSIRIS, acabando por assassiná-lo. ÍSIS, no entanto, embalsamou o corpo do seu
esposo com a ajuda do deus Anúbis, que desta forma se tornou o deus do
embalamento. Osíris que foi sempre associado à vegetação e à Vida no Além
seria, depois ressuscitado por ISIS.
Concepção de
“Enéada”
Desse mito da
criação surgiu, então, a concepção da Enéada, ou seja, do
agrupamento de divindades em número de nove e da Tríade (se apenas
se tratasse de três), sendo, neste caso, constituída pelo deus-Pai, deusa-Mãe e
deus-Filho.
As divindades importantes desta
Enéada eram:
- Quatro deuses AMON, THOT, KHNEMU, HAPI;
- Quatro deusas HATOR, NUT, NEIT e SEKET
- E, finalmente, PTAH que possuía ambos os elementos fecundantes (Nu ou Nun e Naunet (feminino de Nun).
Representação de Nu e Naunet[12]
Neste sistema, PTAH (bissexuado) era o deus criador que estava associado aos artesãos e era representado como um homem mumificado. Era, pois, tido como o criador de tudo, inclusive dos deuses. Era tido como o "Incriado", "Aquele que existe", pura e simplesmente.
A criação levada a cabo por PTAH foi através
do seu coração e da sua língua, duas realidades que
simbolizam, entre os egípcios, a inteligência e o centro da criação,
respectivamente. Esta divindade passou a ser representada, no Egipto por meio
de uma leoa, ou de uma mulher com cabeça de leoa.
2.2- Enéada de RÁ (Rá, seus filhos e netos)
Apesar de em
Heliópolis vigorar a Enéada acima mencionada, mais tarde passou a ser
considerada também outra Enéada que chegou a ser ainda mais conhecida sob o
nome de Enéada de RÁ, sendo constituída por RÁ, seus Filhos e Netos e era
adorada no Templo de ATON (Deus Sol) dessa cidade. Criou-se, então uma nova
variante do Mito de Heliópolis que reza, assim:
“Inicialmente, constituía um
mito com nove deuses. Os egípcios diziam que no início do mundo não existia
nada além de um enorme oceano chamado NUN. Desse oceano
surgiu RÁ (ou RÉ que foi identificado, mais tarde, com ATUM),
mas a forma como ele surgiu varia de um mito para outro.
Imediatamente, RÁ/ATUM
gerou Shu, deusa do ar, e Tefnut, o deus da humidade. Estes dois, por sua vez,
fizeram Geb, deus da terra, e Nut, a deusa do céu. Geb e Nut eram os pais de Osíris,
Set, Ísis e Néftis”. Este mito foi desenvolvido pelos
sacerdotes de Ré. A fonte mais completa que tem sobre a Enéada vem dos textos
das pirâmides. Atum foi associado a Ré e essa fusão era explicada pelos
sacerdotes como um adicional de poder a Atum. Os principais mitos envolvem a
Enéade de Heliópolis e, sem dúvida, esta tornou-se a mais popular em todo o
antigo Egipto”[13].
Atum é,
pois, considerado como “O completo” e “Aquele que
começa e acaba tudo”. Após o termo da sua criação, ele regressa à
substância subterrânea do universo, ficando todas as criaturas por ele criadas
a existir com o seu Ká (espírito), sejam elas divindades, sejam elas
humanas, animais ou vegetais. Nos textos das pirâmides aparece como o criador e
pai dos reis
2.3- Divindades mais conhecidas no Egipto, como pertencentes ao Mito de Heliópolis[14]
2.3.1- ATUM
ATUM foi
identificado com o SOL e adorado na cidade de Heliópolis;
Atum (Atem, Tem)[15]
Rá (Atum) com
cabeça de falcão[16]
RÉ/RÁ (ATUM) com Uraeus (serpentes) na cabeça[17]
2.3.2- GEB
Geb era o deus da terra, irmão e
marido de Nut (deusa do céu). Parece que o nome “Geb” significa “fraco” ou “mole”.
2.3.3- NUT (Céu, ou seja o firmamento diurno e nocturno)
Mito de Heleópolis[18]
Nut, deusa do firmamento sustentada pelas divindades Shu,
o deus do ar e Heh com cabeça de
carneiro, enquanto por baixo está reclinado o deus da terra, GEB[19]. Esta imagem procede do livro dos mortos
de Nesitanebtashru – 21ª dinastia, Tebas[20].
2.3.4- NÉFTIS (ou NEPHTYS)
Trata-se de uma divindade que estava associada à
morte e aos ritos funerários. Filha de Nut e de Geb, ela era representada,
normalmente, como uma jovem com uma espécie de cesta na cabeça, um ceptro na mão
direita e o tyet, ou símbolo da vida na mão esquerda.
Era denominada a “Senhora da Casa”, ou melhor, "Senhora do Templo”,
sendo-lhe atribuída, também, a função de Sacerdotisa.
Nephtys[21]
|
2.3.5- ÍSIS (ou AUSET ou ASET)
Ísis, a deusa da fecundidade e da maternidade, era apresentada como Mãe. Era a protectora da natureza e da magia , a amiga dos escravos e dos pecadores, dos artistas e dos oprimidos. Era tida, ainda, como aquela que escutava as preces dos aristocratas, das donzelas, dos governantes e dos ricos. A sua representação era parecida com a de Néftis, mas mudava o objecto que tinha na cabeça … deusa protectora das crianças, dos mortos e ainda de "todos os começos".
ISIS
Devido à associação de ideias, um dos símbolos de Ísis era o "tiet" ou tyet (que tem o significado de "bem-estar"/"vida") e que era, também, denominado "Laço de Ísis", "Fivela de Ísis" ou "sangue de Ísis" . Em muitos aspectos, o "tyet" pode comparar-se à cruz Ankh , excepto no que diz respeito aos braços que apontam para o solo. Quando é usado como tal, parece representar a ideia de vida eterna ou de Ressurreição.
O "tiet" foi usado, muitas vezes, como um amuleto funerário, podendo ser confeccionado
em madeira, pedra ou vidro, embora de modo geral se usasse a cor
vermelha, ou dependesse da facilidade do material encontrado.
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Eis como, em hieróglifo, se escreve Tiet[22], figura que se assemelha muito à figura que se encontra gravada numa das pedras do calvário de Lameiras.
2.4- Quadro comparativo dos amuletos com a pedra de Lameiras
Tyet
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"Laço de Ísis" amuleto para proteger o
corpo[23]
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Gravura da pedra de Lameiras
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3- O mito de Mênfis[24]
O instrumento usado por Ptah
para criar os deuses, os homens e tudo o mais, foi o seu coração e a sua
língua, pois, entre os egípcios, estes dois órgãos, eram os mais nobres, sendo o
coração a sede da inteligência e a língua o poder criador. Este criador
Ptah era concebido como sendo representado por meio de uma leoa ou por
meio de uma mulher com cabeça de leoa.
Por meio do seu
coração e da sua língua, Ptah que era, simultaneamente, Nun (masculino) e
Naunet (feminino de Nun), gerou Atum, seguindo-se Nefertum, o deus da
felicidade que era representado como um jovem com uma flor-de-lótus na cabeça e
Sekmet, uma deusa feroz que, segundo um outro mito, tinha atacado a humanidade
por esta ter desrespeitado Rá.
Este sistema
não rejeitava a Enéada de Heliópolis, considerava, no entanto, que o deus Atum
de Heliópolis era um simples agente da vontade Ptah. Este, sim, era também
considerado o criador do KÁ (ou alma) de cada ser e aquele que abria a boca dos
homens.
Eis os principais epítetos pelos
quais era conhecido:
- Ptah, "A bela face";
- Ptah, "O Mestre da Justiça";
- Ptah, "O que ouve as preces";
- Ptah, "O Mestre das Cerimónia";
- Ptah, "O Senhor da eternidade".
NEFERTUM
(Nefertem, Nefertemu), por seu lado, era o deus da felicidade, sendo
representado como um jovem com uma flor-de-lótus na cabeça porque se pensava
que tinha nascido de uma flor-de-lotus, nascida nas águas de NUN no início
da criação. Assim como Atum representava o Sol, assim Nefertun representava o
nascer-do-sol. O ciclo do nascimento da manhã e da morte, à noite, representava a
luta entre o Caos e a Ordem (Ma’at).
Nefertum – deus da cura e da beleza[26]
Deus
Neferten de Mênfis, com a flor-de-Lótus na cabeça como o símbolo da fragrância
e da beleza
Nefertum ou Nefertem era, segundo a mitologia egípcia, uma divindade primeva de Mênfis, deus do sol e dos perfumes[1] cujo símbolo era a flor-de-lótus[2].
Nefeertum, juntamente com Ptah e Sakhmet formam uma Tríade. Nefertum e Horus, filho do Sol, ter-se-iam unido para
formarem uma única entidade. Era representado, por vezes, com uma cabeça de leão ou como um jovem sentado sobre uma
flor a desabrochar[1]. Usa uma coroa em forma de
lótus, ornada por duas plumas, dois colares,
símbolos históricos de fertilidade[3], o bastão, o tiet e, por vezes, ele próprio está
sobre um leão inclinado, e empunhando um sabre[1].
4- O mito de Tebas[28]
Tebas (de origem grega) é uma cidade do Alto Egipto,
próxima da Núbia (região situada no vale do rio Nilo que actualmente
é partilhada pelo Egipto e pelo Sudão). Se o seu nome original era Uaset, os gregos chamavam-lhe
Thēbai (Θῆβαι), enquanto os hebreus lhe davam o nome de Nô-Amón (ou Nô-Amom), significando "a cidade do deus Amon" e os árabes o de Al-Uqsur (الأقصر), daqui procedendo o nome actual de Luxor. Sobre o nome hebraico Nô-Amon cf. Nahum 3:8), Jeremias 46:25,
Ezekiel 30:14
,16.
|
O principal
deus de Tebas era Amon (em em grego Ἄμμων), representado como um homem com uma túnica preta e duas
plumas na cabeça; poderia também ser representado como um carneiro ou um ganso.
Como foi referido anteriormente, Amon estava associado ao oculto. A esposa de
Âmon era Mut e o filho era Conso.
Tebas tornou-se
famosa a partir do tempo em que os fundadores da XVIII dinastia do Egipto[29] eram oriundos dessa cidade. A
partir de então os sacerdotes tebanos atribuíram ao deus Amon as qualidades de outros
deuses, vindo a ser considerado o Demiurgos, usurpando, assim, as qualidades que
só ao deus Rá pertenciam; afirmaram também que Amon era o Monte Primordial e
Tebas a primeira cidade a existir no mundo, devendo, portanto, ser o modelo de
todas as outras cidades do Egipto. A enéada de Tebas era constituída por 15
divindades.
No tempo de Amnófis
IV (cujo nome original era Amen-hotep IV) processou-se uma forte revolução
religiosa, sendo imposto o deus Aton em substituição do deus Amon, em Tebas.
Amnófis IV construiu uma nova cidade em honra deste Aton, em Amarna (cidade do
Sol). Devido a esta revolução religiosa Amnófis que foi o grande faraó da XVIII
dinastia egípcia, passou a adoptar o nome de Akén-aton ou Aquen-áton (“Região da
Luz”), em honra do deus Aton. O reinado deste Faraó é situado por Trigger e
seus colaboradores entre os anos 1377-1360 a.C, enquanto Yoyotte e Vernus
o situam entre os anos 1353 e 1336 a.C.
Nefertiti, esposa de Amnófis IV e este a adorar
o deus Aton (Sol)[31]
Após a morte de Akénaton,
sucedeu-lhe o seu genro Tut-‘anh-Aton, esposo de ‘Anh-Sem-pa-Aton, segunda
filha de Nefertiti que encarnava a Religião Atoniana (de Aton)[32]. Este novo faraó foi proclamado rei em Amarna,
mas três anos depois mudou-se para Tebas onde abjurou o culto de Aton perante
os sacerdotes de Amon. Estes sacerdotes mudaram-lhe o nome para Tut-‘anh-Amon,
mas o seu reinado durou apenas 4 anos (c. 1346-1342+-).
Sarcófago de ouro de Tut-‘anh-Amon
Nefertiti, esposa de Amnófis IV e este a adorar o deus
Aton (Sol)
Fonte: Baldi, 1964, p. 74
Ramsés II, o opressor dos Hebreus[34]
5- O mito da Elefantina[35]
A Elefantina é
uma ilha situada no rio Nilo, perto da primeira catarata. Nesta ilha prestava-se culto a uma tríade que era chefiada pelo deus Knum o qual teria sido o criador do género
humano, moldando-o à maneira de um oleiro, sentado no seu atelier.
Tinha duas
esposas, uma chamada Satet, responsável pelas inundações do Nilo, propiciadoras da agricultura e a outra chamada Anuket que também se
encontrava ligada à água.
Segundo outras
fontes estas duas deusas funcionavam: uma como Mãe e a outra como Filha. Neste
caso, o descendente do casal seria do género feminino, indo contra o uso que
considerava a tríada formada por Pai, Mãe e Filho.
6 - Mito ou Ogdoáde de Hermópolis ("Cidade de Hermes")
Nesta cidade
vigorava uma Ogdoáde, conhecida por “Ogdoáde de Hermópolis” ou "Ogdoada hermopolitana". Assim chamada
porque na sua mitologia os deuses eram agrupados em número de oito, sendo, às vezes,
apresentados como os “primeiros deuses”, e, outras vezes, como filhos de Atum
ou de Chu. Essas oito divindades, além de terem o seu próprio nome, eram subagrupadas
em casais, representando, cada um deles, um conceito diferente:
·
Nun e Naunet representavam o caos
e o oceano primordial;
·
Heh e Hehet representavam o infinito;
·
Kek e Kauket representavam as trevas;
·
Amon e Amaunet representavam o oculto[36];
Este sistema fugia ao número tipo 9 das Eneádes egípcias, pois eram agrupados em oito divindades. Havia uma outra, com apenas sete deuses que era a Enéade de Abido e a de Tebas que agrupava 15 divindades. Desta forma o termo Eneádes que, de si, significava grupo de 9 deuses, passou a significar, por analogia, “agrupamento de várias divindades”.
7- Mito da criação (Variante a partir de um OVO)
Segundo esta
versão da cosmogonia egípcia, tudo teria começado a partir de um ovo do qual surgiu
Rá. Este ovo encontrava-se numa pequena ilha que surgiu do meio das águas
abissais (NUN).
O primeiro
acto de Rá foi iluminar tudo; o segundo acto foi o de criar
a deusa NUT e os deuses CHU e GEB.
A deusa NUT
casou-se secretamente com o deus GEB, mas Rá, ao descobrir o facto amaldiçoou esta
deusa, tornando-a estéril.
8- Mito da criação (Variante a partir do líquido infinito cósmico)
Segundo outra
versão o primeiro deus (ATUM) não se fez do nada, mas, a partir do líquido
cósmico (chamado NUN, NY ou NU), auto-criou os seus próprios
aspectos aos quais deu o nome de NETERU (no plural) que continha, em si,
dois elementos: um masculino (NETER) e outro feminino (NETERT). Foi
a partir destes dois elementos geradores, que foi criado todo o Universo.
De seguida, ATUM gerou o primeiro
casal humano: GEB e NUT que, por sua vez, geraram o CÉU e a TERRA, sendo esta
última considerada plana.
ATUM, no entanto, continuaria a
sua obra criadora dando vida a 4 NETERU (4 aspectos de
ATUM), gerando OSIRIS, ISIS, SETH E NÉFTIS, sendo atribuídos a
cada um desses aspectos ou divindades, diferentes tarefas. Assim:
1. OSÍRIS tomaria conta da vida no além e todo o processo
da caminhada até ao céu;
2. ÍSIS seria
responsável por todos os seres vivos;
3. SETH ficaria encarregado de tudo o que fosse mau, por
exemplo, do ódio e do caos;
4. NÉFTIS cuidaria
do deserto, da orientação e do acto da morte.
8.1- Lutas entre os deuses
Cedo começou, entre estes quatro
deuses, a luta fratricida, sendo SETH o seu mentor. Este, usando de
artimanhas, encerrou OSIRIS num caixão e lançou ao rio Nilo, a fim de se afogar e se
perder irremediavelmente.
NÉFTIS, porém, ao dar-se conta
dessa artimanha, avisou ÍSIS que deu ordens para que OSIRIS fosse procurado.
Depois de intensa e longa busca, encontraram-no encerrado num caixão, mas foi salvo e ressuscitado por Ísis.
Sedento de vingança, SETH que era
a personificação do mal quis vingar-se. Para pôr em prática a sua
vingança e desaprovação e querendo manifestar a sua ira e desaprovação, construiu
em madeira a estátua de Osíris e retalhou-a em 40 pedaços. Após este
esquartejamento, pegou nos pequenos pedaços e espalhou-os pelo deserto e pelas
águas do Nilo[37],
a fim de desaparecer para sempre.
Referências
[1] http://en.wikipedia.org/wiki/File:Ancient_Egypt_map-en.svg
[6] A Época Tinita ou Período Arcaico é aquela em que
vigorou no Egipto a primeira e a segunda dinastias, chamadas “tinitas” e que se
começo no ano 3100, vindo a terminar cerca do ano 2700 a.C., ano em que se
iniciou o Antigo Império. Há quem inclua nesta primeira época, também a
terceira dinastia.
[7] Diodoro Sículo, Biblioteca
Histórica, 5.57.2
[11] http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Osiris_Philae.jpg.
“Vegetante = 1. Que
vegeta; que tem a propriedade de vegetar; 2. Que propicia a
vegetação (material vegetante). Com propriedade de vegetar
ou propiciadora da vegetação)
[13] Wilkinson, Richard H,
2003, pp. 99–101 e p.150
[16] http://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%A3o_Eg%C3%ADpcia/Terceiro_per%C3%ADodo_intermedi%C3%A1rio
[20] Cf. site: http://www.britishmuseum.org
[29] “A XVIII dinastia egípcia reinou entre 1550 a.C. e
1295 a.C., mas a datação por
radiocarbono sugere que pode ter começado um pouco mais cedo.
O intervalo das datas de radiocarbono para seu início é entre 1570 a.C e 1544 a.C,
sendo que o ponto médio das quais é 1557 a.C.”Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/XVIII_dinastia_eg%C3%ADpcia.
[31] Baldi, 1964, p. 74
[32] Baldi, 1964, p 78
[33] Baldi, 1964, p. 75
[34] Baldi, 1964, p.82
17- Bibliografia
Andrews, C. (1981) The Rosetta Stone. Londres:
British Museum Publications.
Araújo, Luís
Manuel de Dicionário do Antigo Egipto. Direcção de. Lisboa: Editoral
Caminho.
Arnold, Dieter
(2003). (trad. para o inglês de Sabine H. Gardiner e Helen
Strudwick; ed. Nigel e Helen Strudwick). The Encyclopedia of Ancient
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