Preâmbulo
1- Druidismo na Antiguidade
1.1- Origem do termo “Druida”
1.2- Habitat e Vida Social dos Druidas
1.3- A Realeza
1.4- Conquistas de Cláudio
1.5- Vestes brancas dos Druidas
1.6- Simbolismo das cores
1.7- Festas principais
1.8- O Rei Artur e Merlin
1.9- Canibalismo e Sacrifícios humanos entre os Druidas
1.10- Ideia druida sobre a morte
2- Druidismo moderno
2.1- Alvores do druidismo moderno
2.2- Verdadeiro ressurgimento do Druidismo moderno
2.3- Base do Druidismo moderno
2.4- Druidismo actual na Inglaterra
2.5- Druidismo nos Estados Unidos da América
2.6- Druidismo em Portugal
Bibliografia
1.6- Simbolismo das cores
1.7- Festas principais
1.8- O Rei Artur e Merlin
1.9- Canibalismo e Sacrifícios humanos entre os Druidas
1.10- Ideia druida sobre a morte
2- Druidismo moderno
2.1- Alvores do druidismo moderno
2.2- Verdadeiro ressurgimento do Druidismo moderno
2.3- Base do Druidismo moderno
2.4- Druidismo actual na Inglaterra
2.5- Druidismo nos Estados Unidos da América
2.6- Druidismo em Portugal
Bibliografia
Preâmbulo
Através da história, sobretudo, Romanos, Celta e Bretã, tínhamos algumas noções sobre a existência dos Druidas.
As fontes principais pertenciam aos escritores romanos, Júlio César com a sua De Bello Gallico onde descreve a sua vitória sobre os Bretões no ano 52 a.C.) e a Plínio, o Velho com a sua obra Naturalis Historia[1] composta por 37 livros escritos cerca do ano 77 d.C. onde se podem ler estas palavras acerca dos Druidas: “(…) terminados os preparativos necessários para o sacrifício e o banquete sob a árvore (carvalho), levam ali dois touros brancos” Esse conhecimento, porém, não era muito profundo e valeram algumas descobertas arqueológicas nos últimos tempos para melhor se poder ajuizar da sua existência, doutrina e influências nas sociedades da sua época.
Dessas descobertas ressalta, por exemplo, o Homem de Lindow (Lindow Man), descoberto em Lindow Moss, perto de Wilmslow (Sul de Machester), em Cheshire, no Norte da Inglaterra, a 1 de Agosto de 1986.
Em 1971 encontrou-se numa fonte de Chamalières, perto de Clermont-Ferrand (França) uma placa com uma oração a uma divindade desconhecida mas suposta pertencer aos druidas. Depois, em 1983, encontrou-se na aldeia de Veyssière (Aveyron, França) uma outra placa de 57 linhas, conhecida por Chumbo do Larzayk, onde se inscrevia uma mensagem para o outro mundo que devia levar até ali uma mulher druida defunta.
1- Druidismo na Antiguidade
1.1- Origem do termo “Druida”
Tem sido seguida a opinião de que o termo teria vindo da palavra grega “drus” que significa carvalho, deduzindo-se daí de que esse grupo humano adoraria essa árvore e, por meio dela, simbolicamente a floresta, que se supunha possuir uma alma ou espírito. Daí dizer-se serem animistas.
Chris Travers[2], porém considera que a sua origem deverá procurar-se, preferencialmente, em raízes Indo-Europeias, por exemplo, em “dru” cujo significado é “forte”, “firme” ou “estável”, sendo seguida do sufixo “Wid” que se relaciona com o conhecimento e a sabedoria. Desta mesma opinião são Edred Thorsson (1987, 1992) e Ph. D. Hence que são, por sua vez seguidos pelo linguista Kenneth H. Jackson[3]. Para confirmar esta derivação Travers propõe a tradução da palavra “Druida”, em três línguas, muito relacionadas entre si e com esse grupo humano:
Em Old Irish: druÌ;
Em Middle Wlsh: Derwydd;
Em Gaulish Druvis (de druvids’)
Verifica-se, com facilidade, que os diferentes sons mudaram ou caíram em cada uma das línguas apresentadas, sugerindo tal facto que a forma antiga treria sido com muita probabilidade, “deruwid”, proveniente de “deru+wid”.
Para melhor podermos perceber esta derivação poderemos aproveitar outra sugestão que nos é fornecida pelo mesmo autor a propósito da mesma raiz (deru+wid) que se encontra também noutras línguas, como por exemplo nas seguintes línguas:
Indo-Europeu: deru;
Grego: Drus;
Latim: Dryad (árvore-ninfa);
Irlandês antigo: Druìm(druid) ou duir (carvalho);
Antigo Norse: Trú (fiel);
Inglês m oderno: door; tree; truth; true;
Médio Galês: Derwydd ….
1.2- Habitat e Vida Social dos Druidas
O local próprio dos Druidas tem sido proposto como sendo as Ilhas Britânicas. No entanto este local não foi o único. Podemos encontrar elementos do druidismo também na Gália, sobretudo nas regiões onde hoje se situam a França, Bélgica e o Luxemburgo e ainda no Norte da Península Ibérica. Por outro lado, a ideia que se tem destes indivíduos é a de que eram considerados como magos, feiticeiros e que possuíam grandes conhecimentos praticamente a todos os níveis. Por exemplo Pomponius Mela num artigo intitulado Druidismo:Alma Celta em Acção escrevia o seguinte:
(…) dominavam toda a área do conhecimento humano, cultivavam a música, a poesia e tinham controle do clima, do conhecimento sobre as ervas, podiam fazer ou parar de chover, controlavam as funções, marés, tremores de terra, etc. Tudo isto era procedido com o uso de cristais e em parte pela acção da mente, graças aos rituais realizados em lugares de força. Preferiam cultuar a divindade em lugares como o campo e florestas, usando vestes brancas em algumas cerimónias ligadas à fecundidade da natureza, os participantes não usavam vestes”.
Sob o ponto de vista político, os Druidas formavam dois grandes grupos ou Instituições bem distintas, sobretudo na Irlanda, senbdo elas a Tribo (Tuathas) e a Aes Dana (ou homens da arte). Se a primeira se dedicava à guerra, a segunda laborava no campo da arte e da magia.
Por sua vez a Aes Dana (artistas e Magos) subdividia-se em os BARDOS (poetas e Músicos viajantes), os FILI (poetas domésticos e historiadores orais) e os METALÚRGICOS e ARTESÃOS (artesãos e poetas estacionários ou das casas senhoriais e palacianas).
Há quem os subdivida em BARDOS (responsáveis pela preservação e transmissão das identidade cultural), os VATES ou OVATES (adivinhos, curandeiros, conhecedores das propriedades das plantas e, por isso, os aplicadores da magia e da cura) e, finalmente, os DRUIDAS (conselheiros dos reis, sacerdotes, Juristas e Legisladores).
Sob o ponto de vista militar, consta, segundo testemunho de Júlio César, que o exército dos celtas tinham um treino muito aperfeiçoado e que seria adestrado pelos Druidas que utilizavam métodos físicos, psicológicos e mágicos, como também a profecia e a adivinhação. Relativamente aos guerreiros druidas (masculinos e femininos), é de notar que não temiam a morte e enfrentavam-na, expondo aguerridamente as próprias vidas. Achavam ignominioso e cobarde cobrirem o corpo com armaduras ou outros trajes, lutando, por isso de tronco nu.
Sob o ponto de vista religioso, os Druidas apesar de cultuarem, como os Celtas, a Deusa-Mãe, admitiam que todas as prerrogativas atribuídas à divindade eram apenas percepções imperfeitas da sua própria constituição. Admitiam, efectivamente, que todos os aspectos da divindade e todas as divindades adoradas não passavam de aspectos de uma única Divindade suprema.
1.3- A Realeza
Entre os guerreiros e os artistas situava-se a Realeza que era considerada agrada. Ao Rei cabia a função e obrigação de se sacrificar pelo bem e salvação do seu povo, visto ele ser considerado casado com a Terra ou Reino. Se não cumprisse com estes seus deveres, seria punido pelos deuses. Conta-se que, devido ao aparecimento de uma peste que dizimou grande número de cidadãos, o Rei foi sacrificado em expiação.
1.4- Conquistas de Cláudio
Sob o império do imperador romano Cláudio, os Romanos conquistaram e anexaram a Grã-Bretanha, no ano 41 d. C., coroando com esta vitória as vitórias alcançadas contra a Trácia, Norico (Noricus Ager) um país ao sul do Rio Danúbio (correspondente à alta e baixa Áustria de hoje, entre Inn e o Danúbio e ainda grande parte da Stíria, Carinthia e partes de Carniola, Bavária, Tirol e Salzburgo), Panfília, Lícia e Judeia.
Dois foram os factos dignos de memória atribuídos a Cláudio. Em primeiro lugar, após a conquista da Bretanha indultou Caractaco, general e líder da resistência bretã, pela sua nobre atitude quando foi capturado no ano 50 d.C. Em vez de o mandar executar como era costume, deixou-o ir viver para uma das províncias romanas. O segundo facto (nada digno) foi o de ordenar a destruição de todos os símbolos relativos à religião celta, isto é, druida. Mesmo assim, após a sua morte, Cláudio seria divinizado pelo Senado Romano.
1.5- Vestes brancas dos Druidas
Quando se fala da indumentária dos Druidas ressalta a cor branca da sua longa túnica, munida de capuz, à semelhança, diz-se, dos monges beneditinos. Foi assim que se apresentaram, em Stonehange, e noutros locais de assembleia dos Druidas modernos.
Haverá alguma verdade histórica que sustente esta apresentação hodierna? De facto tudo leva a crer que o uso das vestes brancas tenha um fundamento histórico. Segundo Plínio, o Velho, os Druidas deslocavam-se à florestas para nela apanharem o visco que se encontrava nos carvalhos para confeccionarem com ele as suas mezinhas (o termo "mezinha" tem a sua origem na palavra latina "medicina" que significa remédio). Segundo a versão inglesa lê-se: “(…) a Gaulish mistletoe-cutting ritual where a druid, in a what is generally translated as 'White robe' climbs an oak tree and cuts the mistletoe (which has white berries) with a golden sickle”. Temos aqui, portanto, a alusão à veste branca e, ao mesmo tempo, ao Visco ou visco (mistletoe) que na Inglaterra é conhecido mais pelo nome de “White Berries) e entre os Romanos era conhecido por “Galho de ouro”, passando a nós sob o nome de “Erva do Passarinho”. Como se sabe, o carvalho é a árvore que mais se adapta ao desenvolvimento desta erva parasita (o visco) que dá umas bagas brancas ou mesmo acastanhadas ou de tom dourado, quando bem maduras), delas se servindo algumas aves.
Os Druidas aproveitavam-nas para confeccionarem as suas mezinhas curativas. Enquanto uns trepavam pela árvore acima para cortar o visgo, outros permaneciam por baio para o recolherem antes de atingirem o solo, para não perderem as propriedades sagras e curativas. Após a colheita procedia-se a uma cerimónia, constituída por orações, fórmulas mágicas e pelo sacrifício de dois touros brancos. Os ramos eram cozidos numa “poção misteriosa com propriedades salutares especiais” vindo a servir como remédio contra os males e feitiços. Assim se justifica o uso das vestes brancas com capuz, usado pelos grupos druidas de hoje.
1.6- Simbolismo das cores
O simbolismo das cores no tempo de Merlin era o mesmo que aquela que encontramos hoje entre nós.
Assim a:
Através da história, sobretudo, Romanos, Celta e Bretã, tínhamos algumas noções sobre a existência dos Druidas.
As fontes principais pertenciam aos escritores romanos, Júlio César com a sua De Bello Gallico onde descreve a sua vitória sobre os Bretões no ano 52 a.C.) e a Plínio, o Velho com a sua obra Naturalis Historia[1] composta por 37 livros escritos cerca do ano 77 d.C. onde se podem ler estas palavras acerca dos Druidas: “(…) terminados os preparativos necessários para o sacrifício e o banquete sob a árvore (carvalho), levam ali dois touros brancos” Esse conhecimento, porém, não era muito profundo e valeram algumas descobertas arqueológicas nos últimos tempos para melhor se poder ajuizar da sua existência, doutrina e influências nas sociedades da sua época.
Dessas descobertas ressalta, por exemplo, o Homem de Lindow (Lindow Man), descoberto em Lindow Moss, perto de Wilmslow (Sul de Machester), em Cheshire, no Norte da Inglaterra, a 1 de Agosto de 1986.
Em 1971 encontrou-se numa fonte de Chamalières, perto de Clermont-Ferrand (França) uma placa com uma oração a uma divindade desconhecida mas suposta pertencer aos druidas. Depois, em 1983, encontrou-se na aldeia de Veyssière (Aveyron, França) uma outra placa de 57 linhas, conhecida por Chumbo do Larzayk, onde se inscrevia uma mensagem para o outro mundo que devia levar até ali uma mulher druida defunta.
1- Druidismo na Antiguidade
1.1- Origem do termo “Druida”
Tem sido seguida a opinião de que o termo teria vindo da palavra grega “drus” que significa carvalho, deduzindo-se daí de que esse grupo humano adoraria essa árvore e, por meio dela, simbolicamente a floresta, que se supunha possuir uma alma ou espírito. Daí dizer-se serem animistas.
Chris Travers[2], porém considera que a sua origem deverá procurar-se, preferencialmente, em raízes Indo-Europeias, por exemplo, em “dru” cujo significado é “forte”, “firme” ou “estável”, sendo seguida do sufixo “Wid” que se relaciona com o conhecimento e a sabedoria. Desta mesma opinião são Edred Thorsson (1987, 1992) e Ph. D. Hence que são, por sua vez seguidos pelo linguista Kenneth H. Jackson[3]. Para confirmar esta derivação Travers propõe a tradução da palavra “Druida”, em três línguas, muito relacionadas entre si e com esse grupo humano:
Em Old Irish: druÌ;
Em Middle Wlsh: Derwydd;
Em Gaulish Druvis (de druvids’)
Verifica-se, com facilidade, que os diferentes sons mudaram ou caíram em cada uma das línguas apresentadas, sugerindo tal facto que a forma antiga treria sido com muita probabilidade, “deruwid”, proveniente de “deru+wid”.
Para melhor podermos perceber esta derivação poderemos aproveitar outra sugestão que nos é fornecida pelo mesmo autor a propósito da mesma raiz (deru+wid) que se encontra também noutras línguas, como por exemplo nas seguintes línguas:
Indo-Europeu: deru;
Grego: Drus;
Latim: Dryad (árvore-ninfa);
Irlandês antigo: Druìm(druid) ou duir (carvalho);
Antigo Norse: Trú (fiel);
Inglês m oderno: door; tree; truth; true;
Médio Galês: Derwydd ….
1.2- Habitat e Vida Social dos Druidas
O local próprio dos Druidas tem sido proposto como sendo as Ilhas Britânicas. No entanto este local não foi o único. Podemos encontrar elementos do druidismo também na Gália, sobretudo nas regiões onde hoje se situam a França, Bélgica e o Luxemburgo e ainda no Norte da Península Ibérica. Por outro lado, a ideia que se tem destes indivíduos é a de que eram considerados como magos, feiticeiros e que possuíam grandes conhecimentos praticamente a todos os níveis. Por exemplo Pomponius Mela num artigo intitulado Druidismo:Alma Celta em Acção escrevia o seguinte:
(…) dominavam toda a área do conhecimento humano, cultivavam a música, a poesia e tinham controle do clima, do conhecimento sobre as ervas, podiam fazer ou parar de chover, controlavam as funções, marés, tremores de terra, etc. Tudo isto era procedido com o uso de cristais e em parte pela acção da mente, graças aos rituais realizados em lugares de força. Preferiam cultuar a divindade em lugares como o campo e florestas, usando vestes brancas em algumas cerimónias ligadas à fecundidade da natureza, os participantes não usavam vestes”.
Sob o ponto de vista político, os Druidas formavam dois grandes grupos ou Instituições bem distintas, sobretudo na Irlanda, senbdo elas a Tribo (Tuathas) e a Aes Dana (ou homens da arte). Se a primeira se dedicava à guerra, a segunda laborava no campo da arte e da magia.
Por sua vez a Aes Dana (artistas e Magos) subdividia-se em os BARDOS (poetas e Músicos viajantes), os FILI (poetas domésticos e historiadores orais) e os METALÚRGICOS e ARTESÃOS (artesãos e poetas estacionários ou das casas senhoriais e palacianas).
Há quem os subdivida em BARDOS (responsáveis pela preservação e transmissão das identidade cultural), os VATES ou OVATES (adivinhos, curandeiros, conhecedores das propriedades das plantas e, por isso, os aplicadores da magia e da cura) e, finalmente, os DRUIDAS (conselheiros dos reis, sacerdotes, Juristas e Legisladores).
Sob o ponto de vista militar, consta, segundo testemunho de Júlio César, que o exército dos celtas tinham um treino muito aperfeiçoado e que seria adestrado pelos Druidas que utilizavam métodos físicos, psicológicos e mágicos, como também a profecia e a adivinhação. Relativamente aos guerreiros druidas (masculinos e femininos), é de notar que não temiam a morte e enfrentavam-na, expondo aguerridamente as próprias vidas. Achavam ignominioso e cobarde cobrirem o corpo com armaduras ou outros trajes, lutando, por isso de tronco nu.
Sob o ponto de vista religioso, os Druidas apesar de cultuarem, como os Celtas, a Deusa-Mãe, admitiam que todas as prerrogativas atribuídas à divindade eram apenas percepções imperfeitas da sua própria constituição. Admitiam, efectivamente, que todos os aspectos da divindade e todas as divindades adoradas não passavam de aspectos de uma única Divindade suprema.
1.3- A Realeza
Entre os guerreiros e os artistas situava-se a Realeza que era considerada agrada. Ao Rei cabia a função e obrigação de se sacrificar pelo bem e salvação do seu povo, visto ele ser considerado casado com a Terra ou Reino. Se não cumprisse com estes seus deveres, seria punido pelos deuses. Conta-se que, devido ao aparecimento de uma peste que dizimou grande número de cidadãos, o Rei foi sacrificado em expiação.
1.4- Conquistas de Cláudio
Sob o império do imperador romano Cláudio, os Romanos conquistaram e anexaram a Grã-Bretanha, no ano 41 d. C., coroando com esta vitória as vitórias alcançadas contra a Trácia, Norico (Noricus Ager) um país ao sul do Rio Danúbio (correspondente à alta e baixa Áustria de hoje, entre Inn e o Danúbio e ainda grande parte da Stíria, Carinthia e partes de Carniola, Bavária, Tirol e Salzburgo), Panfília, Lícia e Judeia.
Dois foram os factos dignos de memória atribuídos a Cláudio. Em primeiro lugar, após a conquista da Bretanha indultou Caractaco, general e líder da resistência bretã, pela sua nobre atitude quando foi capturado no ano 50 d.C. Em vez de o mandar executar como era costume, deixou-o ir viver para uma das províncias romanas. O segundo facto (nada digno) foi o de ordenar a destruição de todos os símbolos relativos à religião celta, isto é, druida. Mesmo assim, após a sua morte, Cláudio seria divinizado pelo Senado Romano.
1.5- Vestes brancas dos Druidas
Quando se fala da indumentária dos Druidas ressalta a cor branca da sua longa túnica, munida de capuz, à semelhança, diz-se, dos monges beneditinos. Foi assim que se apresentaram, em Stonehange, e noutros locais de assembleia dos Druidas modernos.
Haverá alguma verdade histórica que sustente esta apresentação hodierna? De facto tudo leva a crer que o uso das vestes brancas tenha um fundamento histórico. Segundo Plínio, o Velho, os Druidas deslocavam-se à florestas para nela apanharem o visco que se encontrava nos carvalhos para confeccionarem com ele as suas mezinhas (o termo "mezinha" tem a sua origem na palavra latina "medicina" que significa remédio). Segundo a versão inglesa lê-se: “(…) a Gaulish mistletoe-cutting ritual where a druid, in a what is generally translated as 'White robe' climbs an oak tree and cuts the mistletoe (which has white berries) with a golden sickle”. Temos aqui, portanto, a alusão à veste branca e, ao mesmo tempo, ao Visco ou visco (mistletoe) que na Inglaterra é conhecido mais pelo nome de “White Berries) e entre os Romanos era conhecido por “Galho de ouro”, passando a nós sob o nome de “Erva do Passarinho”. Como se sabe, o carvalho é a árvore que mais se adapta ao desenvolvimento desta erva parasita (o visco) que dá umas bagas brancas ou mesmo acastanhadas ou de tom dourado, quando bem maduras), delas se servindo algumas aves.
Os Druidas aproveitavam-nas para confeccionarem as suas mezinhas curativas. Enquanto uns trepavam pela árvore acima para cortar o visgo, outros permaneciam por baio para o recolherem antes de atingirem o solo, para não perderem as propriedades sagras e curativas. Após a colheita procedia-se a uma cerimónia, constituída por orações, fórmulas mágicas e pelo sacrifício de dois touros brancos. Os ramos eram cozidos numa “poção misteriosa com propriedades salutares especiais” vindo a servir como remédio contra os males e feitiços. Assim se justifica o uso das vestes brancas com capuz, usado pelos grupos druidas de hoje.
1.6- Simbolismo das cores
O simbolismo das cores no tempo de Merlin era o mesmo que aquela que encontramos hoje entre nós.
Assim a:
Cor branca significava a pureza, a inocência e a alegria;
Ccor vermelha significava a coragem, o poder, o fervor e o zelo;
Cor azul significava o Céu, a divindade, a piedade, a amizade, a lealdade e a justiça;
Cor verde significava a esperança, a vida, a plenitude.
1.7- Festas principaisCcor vermelha significava a coragem, o poder, o fervor e o zelo;
Cor azul significava o Céu, a divindade, a piedade, a amizade, a lealdade e a justiça;
Cor verde significava a esperança, a vida, a plenitude.
Para eles o ano era dividido em quatro períodos de três meses em cujo início havia um grande festival.
1º Imbolc – celebrada a 1 de Fevereiro (no Hemisfério Norte) e a 2 de Agosto (no Hemisfério Sul).e era associada à deusa Brigit, a Deusa-Mãe, protectora da mulher e do nascimento das crianças;
2º Beltane – (também chamado de Beltine, Beltain, Beal-tine, Beltan, Bel-tien e Beltein). É celebrada a 1 de Maio (no Hemisfério Norte) e a 1 de Novembro (no Hemisfério Sul) e significa "brilho do fogo". Esta festa, muito bonita, era marcada por milhares de fogueiras;
3º Lughnasadh – (também conhecida como Festa das Lammas) era dedicada ao Deus Lugh, ou Deus Sol e celebrava-se no Outono, a 1 de Agosto (no Hemisfério Norte) e a 21 de Março (no Hemisfério Sul). Tinha como simbolismo a fartura das colheitas;
4º Samhain – a mais importante das quatro festas, celebrada a 1 de Novembro no hemisfério Norte e a 1 de Maio no Hemisfério Sul. Hoje associada com o Hallows Day, celebrado na noite anterior ao Hallowen.
1.8- O Rei Artur e Merlin
O pouco que popularmente é dito a respeito dos druidas tem por base diversas lendas, como a do Rei Artur, onde Merlin era um druida.
O que melhor se pode dizer é que os druidas foram membros de uma elevada estirpe de Celtas que ocupavam o lugar de juízes, doutores, sacerdotes, adivinhos, magos, médicos, astrónomos, etc., mas que evidentemente não constituíam um grupo étnico dentro do mundo Celta. Eram grandes conhecedores da ciência dos cristais, radiestesia (sensibilidade para as radiação e tem como função a activação do subconsciente humano), plantas, etc[4].
Na cultura druida, portanto, a mulher tinha um papel preponderante, pois ela era vista como a imagem da Deusa.
No contexto religioso os druidas eram sacerdotes e sacerdotisas dedicados ao aspecto feminino da divindade, a Deusa Mãe. Embora cultuassem a Deusa Mãe mesmo assim admitiam que todos os aspectos expressos a respeito da Divindade eram ainda percepções imperfeitas do Divino.
No continente europeu, as construções megalíticas mais divulgadas são as de Stonehenge (Inglaterra), local em que por volta do ano 3000 a.C., terá sido criado o primeiro local de culto, o qual foi desenvolvido nos cerca de 1500 anos posteriores.
Em torno disto existem muitos relatos, contos, lendas e mitos, especialmente ligados à Corte do Rei Artur e a Tabula Redonda. São inúmeros os contos, entre eles, aqueles relativos à Corte do Rei Artur, onde vivera Merlin, o mago, e a meio-irmã de Artur, Morgana, e Guinervere que eram Druidas.
1.9- Canibalismo e Sacrifícios humanos entre os Druidas
Os trabalhos de arqueologia da professora Miranda Aldhouse-Green[1] da Universidade de Cardiff confirmam os ditos dos autores clássicos e demonstram a participação crucial dos druidas na realização de sacrifícios humanos e na prática do canibalismo.
Os romanos trouxeram notícias com histórias horríveis sobre os sacerdotes celtas, que se espalhou por toda a Europa durante um período de 2000 anos. Júlio César afirmava que os druidas sacrificavam presos e prisioneiros aos deuses.
Dando assim, continuidade ao mito de sacrifícios cometido pelos Druidas, cujo verdadeiro erro foi estimular o povo a não aceitar as leis e a suposta 'paz' romanas.
Também Plínio, o velho, sugeriu que os celtas praticavam o canibalismo como ritual, comiam carne de seus inimigos como uma fonte de força espiritual e física[5].
1.10- Ideia druida sobre a morte
Acreditando na imortalidade da alma, os druidas ensinavam que a alma humana deveria ultrapassar uma dura prova, constituída por três ciclos de reencarnações. Essa prova deveria ser superada com a ajuda dos espíritos protectores. A sequência desses três ciclos era a seguinte:
O ciclo da Imersão na matéria, o seja, o da vivência na terra, sendo este o ciclo mais primitivo e conhecido por “ciclo da animalidade”;
O ciclo das Migrações, sendo constituído pelo período em que a alma circula pelos mundos das experiências e do sofrimento humanos, reencarnando noutros seres;
O ciclo da Chegada ao mundo venturoso: Após a dura luta e o grande sofrimento durante o ciclo das migrações a alma chega, finalmente, ao mundo venturoso e alcança a Essência Divina.
2- Druidismo moderno
2.1- Alvores do druidismo moderno
O Druidismo permaneceu praticamente desconhecido até aos finais do século XVIIII e, se alguma coisa se disse até esta data, foi baseado em alguns antigos documentos referentes às guerras entre Romanos e Celtas e Bretões, como já foi dito anteriormente.
Num belo dia do ano 1717, Henry Hurle[6], durante uma reunião realizada num bosque de Inglaterra, sentiu a necessidade da irmandade entre os homens e fez esta declaração, em alta voz:
“Ir appears to be that society lacks good fellowship, hilarity and brotherly love” e, ao falar sobre os Druidas, acrescentou:
“(…) they were of old men who undertook to enlighten the people of their day who introduced among de ancient Britons the useful and polite arts, and these were the Druids. My proposition is that we form a society for social feeling and we assume the title of those learned men (the druids), and that we will adopt the endearing name of brothers, universally amongst us”.
A partir de então várias foram as entidades filantrópicas, sociedades secretas e clubes de cavalheiros que foram surgindo na Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX, sob a muita influência de ordens semi-macónicas, chegando o número de ordens druidas a cerca de uma centena nos finais do século XIX, no intuito de revitalizarem o fenómeno druida original que se supunha ter existido pelo menos 6.000 anos antes de Cristo. As principais e mais conhecidas dão pelos nomes de: Druid Order (Ordem Druida) e mais tarde as seguintes: Confraternidade Filosófica dos Druidas; Ordem Druida; Fraternidade dos Druidas; Bardos e Poetas ou Igreja Celta Renovada. Todas estas se matem em pleno desenvolvimento, nos nossos dias[7]. 2.2- Verdadeiro ressurgimento do Druidismo moderno
Foi, porém, na década de 1960, mais precisamente em 1964 que Ross Nichols tratou de pôr em ordem a grande variedade de ordens druídicas que foram surgindo nos séculos XVIII-XIX. Abandonando a A.O.D. (Ancient Order of Druids) passou a criar a Ordem dos Bardos Ovates e Druidas (O.B.O.D) (ou simplesmente OBOD), atribuindo a esta nova Ordem uma grande ênfase aos aspectos mágicos e celtas.
Ajudado pelas recentes descobertas[8] arqueológicas, filosóficas e religiosas, pôde imaginar quais teriam sido as máximas morais do antigo druidismo, propondo as seguintes:
Crença no Supremo Poder do Universo,
Imortalidade da Alma,
Dignidade de cada homem e mulher,
Respeito pelos direitos humanos de todos os humanos,
Desenvolvimento das faculdades mentais,
Protecção mútua,
Desenvolvimento das virtudes sociais,
Nacionalismo,
Irmandade e fraternidade.
Estes princípios assentam nos preceitos atribuídos a Merlin (considerado o maior de todos os druidas da antiguidade e que se tornou proverbial na história da magia), sendo identificados os seguintes:
1º Labora diligentemente para adquirir o conhecimento, pois este é poder e força;
2º Se estiveres constituído em autoridade, decide racionalmente, pois ela pode cessar;
3º Suporta com fortaleza os altos da vida, e recorda que nenhum infortúnio é perpétuo;
4º Ama a virtude, pois esta traz s paz;
5º Aborrece o vício, pois este traz o mal;
6º Obedece aos que estão constituídos em autoridade para que a virtude seja exaltada;
7º Cultiva as virtudes sociais para que possas ser amado por todos os homens.
2.3- Base do Druidismo moderno
Segundo alguns autores o Druidismo moderno é uma religião heteróclita, porquanto ele é constituído por uma mistura de elementos de diversas proveniências, tais como:
- Crenças originais celtas (6.000-500 anos a.C.) que foram recolhidas por estudos alcançados nos séculos XIX e XX;
- Influências do cristianismo celta que se desenvolveu na Grã- Britânicas e na Irlanda antes da imposição do Cristianismo romano no anos 500-a 1000 d.C.;
- Crenças pagãs dos Normandos após a invasão das Ilhas pelos Wikings (800-1000 d.C.);
- Cristianismo místico ea da Maçonaria que moldaram o Renascimento druídico do século XVIII;
- ocultismo dos finais do século XIX;
- Reconstrucionismo Celta dos finais do século XX.
2.4- Druidismo actual na Inglaterra
Em 2003 Emma Restall Orr criou, na Inglaterra, a Druid Network que é uma Organização neo-pagã druida e que se tornou uma fonte de informação e inspiração das Tradições do druidismo moderno. Esta Organização tomou a seu cargo, em colaboração com British Museum, o tratamento e a dignificação dos objectos e dos restos encontrados nas escavações arqueológicas do Reino Unido, tendo publicado alguns os resultados no “British Archeology” (Issue 77, July 2004) e no The New Statesman (6 de November 2006)[9].
Esta Organização veio a ser reconhecida como Instituição Filantrópica, promotora da Religião Druida, significando praticamente o mesmo que ser reconhecida como uma Religião igual às já existentes na Inglaterra. Efectivamente, é assim que se pode interpretar o comunicado que o Rvd.Philip Ross Nichols Dirigente da Druid Netwrk fez aos seus fiéis:
“É com grande prazer que nós, da Druid Network anunciamos que, em reunião da Comissão da Filantropia, no dia dia 21 de Setembro de 2010, a Druid Netwrk foi reconhecida como Instituição Filantrópica que promove a Religião Druida (…). Esse é o resultado de muitos anos de trabalho, durante os quais a Comissão questionou todos os aspectos da prática, crença e coerência do Druidismo e o carácter de benefício público da Druid Network. Isso significa que o druidismo agora é reconhecido como uma Religião válida de acordo com a Lei de Filantropia da Inglaterra. Isso dá ao Druidismo o mesmo Status de outras Religiões reconhecidas, em todas as áreas, inclusive nos locais de trabalho, um grande passo e motivo de celebração”.
2.5- Druidismo nos Estados Unidos da América
O primeiro Bosque de Druidas nos Estados Unidos foi instituído na cidade de Nova Yorque, em 1830, ramificando-se gradualmente, sendo o da Califórnia instituído em 1858 na velha cidade de Hangtown, hoje conhecida por Placerville, sendo chefiado pelo mesmo fundador do Druidismo californiano P:N:H:A: (Past National Grand Arch)[10].
2.6- Druidismo em Portugal
Também já chegou a Portugal o Druidismo. A notícia dessa chegada, foi dada no dia 27 de Abril de 2011 pelo periódico Sol, nestes termos:
“Sintra foi o local escolhido para acolher a primeira cerimónia do calendário celta, já no primeiro de Maio. É dessa forma que se dá a chegada da Ordem dos Bardos, Ovates e Druidas a Portugal. Aquele que é um dos mais importantes grupos a nível mundial, dedicado à prática, ao ensino e ao desenvolvimento desta espiritualidade com raízes celtas vai chegar a Portugal. A primeira cerimónia da Ordem em terras lusas será o domingo, data da festividade celta de Beltane (que significa “Fogo de Bel”, uma festividade solar céltica), que está ligada ao redespertar das energias da Terra”[11].
O nome porque é conhecido o Druidismo em Portugal é OBOD Portugal e já organizou vários eventos de forma a apresentar-se ao público português[12].
A sede da Ordem situa-se no coração de Sintra; tem o nome de “A Casa do Fauno” e encontra-se “entre Steais e a Quinta da Regaleira, ocupando um terreno que pertenceu, em tempos, ao grão-mestre dos Tem+plários em Portugal e foi passando de mão em mão ao longo dos séculos”.
A Ordem só foi oficializada, a 1 de Maio, numa “cerimónia associada ao Verão, celebrando uma divindade celta chamada Belenus, como o descreve Alexandre, segundo um artigo de Luís Leal Miranda, publicado em 28 de Maio de 2011 intitulado Ordem dos Druidas[13].
Quanto ao modo de celebrar as cerimónias, em Portugal, o mesmo autor explica:
“Como foi o primeiro ritual organizado, em Portugal, decidimos entreabrir as portas. Os próximos rituais vão ser secretos, limitados a membros para isto não ser visto como um folclore onde as pessoas se vestem de maneira estranha”
Relativamente à indumentária utilizada, acrescenta:
“Os Druidas não têm paramentaria oficial, mas há quem adopte umas vestes brancas iguais às que se crê que eram usadas pelos antigos druidas. 'Serve como uma muleta para enganar o nosso plano mental e despertar a consciência', justifica Alexandre Gabriel”[14].
Notas
[1] Gaius Plinius Secundus (23-79dC), mais conhecido por Plínio,Velho.
[2] [On-line] [Consult 12-11-2011] Disponível em: http://accessnewage.com/articles/mystic/druids.htm
[3] [On-line] [Consult 12-11-2011] Disponível em: http://www.claudiscrow.com.br/almacelta-busca-relacoes-druidismo.htm
[4] Rediestesia é uma palavra composta, vindo do latim Radium (radiação) e do grego aesthesis (sensibilidade). Costuma definir-se como sendo a “arte de captar e estudar as radiações”. Funciona como o sonar de um navio caçador de minas que emite uma onda, voltando a captá-la, o que permite detectar se existe ou não uma mina no seu trajecto. É utilizado, normalmente, um pêndulo quando se deseja conhecer o que vai acontecer na vida de uma pessoa.
[5] [On-line] [Consult 27-03-2012] Disponível em: (http://news.nationalgeographic.com/news/2009/03/ 090320-druids-sacrifice-cannibalism_2.html National Geographic. (em inglês
[6] http://casadofauno.wordpress.com/casadofaun/ e ainda em http://www.cisionmediapoint.com/Press-Releases/99993088-ordem-dos-druidas-chega-a-portugal
[7] [On-line] [Consult 27-03-2012] Disponível em: http://www.astrologosasttrologia.com.pt/magia_celta=acerca_dos_druidas.htm.
[8] [On-line] [Consult 27-03-2012] Disponível em: http://legadodecain.wordpress.com/20010/04/30/ wicca-e-druidismo/
[9] [On-line] [Consult 28-03-2012] Disponível em: http://www.obod.com.pt/perguntasfrequentes.htm
[10] [On-line] [Consult 28-03-2012] Disponível em: http://www.neopagan.net/UAODbooklet.html
[11] [On-line] [Consult 28-03-2012] Disponível em: http://sol.sapo.pt/inicio/Vida/Interior.aspx?content_id=17735
[12] [On-line] [Consult 28-03-2012] Disponível em: http://www.aarffsa.com.br./noricias1/07111047.html.
[13] Ordem dos Druidas. Desde Maio num bosque perto de siJornal i (28 Maio 2011) por Luis Leal Miranda e http://www.obod.com.pt/comunicacaosocial.htm.
[14] [On-line] [Consult 28-03-2012] Disponível em: http://www1.ionline.pt/conteudo/126396-ordem-dos-druidas-maio-num-bosque-perto-si.
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